Qual a origem dos símbolos LGBTQ+?

Descubra como e porquê foram criados alguns dos símbolos mais famosos e importantes da comunidade LGBTQ+
Embora não existam dúvidas de que o símbolo LGBTQ+ mais conhecido é a bandeira do arco-íris, uma vez que representa fielmente a diversidade da comunidade, há muitos grupos que não se sentem totalmente representados por ela ou simplesmente decidiram criar seus próprios símbolos para que seus interesses e reivindicações sejam representados mais especificamente.
Ao longo da história, rótulos e símbolos representando a comunidade LGBTQ+ significaram e continuam significando muito. Existem milhões de pessoas que se esforçam todos os dias para se definir e enxergam nestes símbolos uma identidade.
É bem provável que você conheça todos eles, mas talvez não saiba suas origens. No vídeo abaixo contamos um pouco da história de alguns destes símbolos. Confira!
Triângulo rosa
Triângulos de cores diferentes foram usados pelos nazistas para designar o motivo da prisão de suas vítimas e a cor rosa era atribuída a homossexuais e lésbicas. Em 1935, relacionamentos homossexuais eram proibidos pela lei alemã, o que incluía beijos, abraços e meras fantasias. Estima-se que cerca de 220.000 gays e lésbicas foram presos na época por esses motivos.
Somente na década de 1970 que o triângulo rosa apareceu como um símbolo do movimento pelos direitos dos gays. Este emblema, juntamente com a frase "Nunca se esqueça, nunca mais", foi adotado pelo ACT-UP (AIDS Coalition to Unleash Power) como bandeira, invertendo o triângulo para simbolizar "uma luta ativa é melhor do que um destino de resignação passiva”.


Bandeira do arco-íris
Foi desenhada por Gilbert Baker como um símbolo de positivismo, inclusão e esperança para a comunidade. A bandeira apareceu pela primeira vez na Parada do Dia da Liberdade de Gays e Lésbicas em São Francisco no ano de 1978.
Embora o design original apresentasse oito faixas com seus significados (rosa para o sexo, vermelho para a vida, laranja para a saúde, amarelo para o sol, verde para a natureza, turquesa para a arte, azul para a paz e violeta para o espírito), a necessidade de produzir em massa para o desfile do ano seguinte fez com que a bandeira perdesse rosa e azul.
Apesar das seis faixas serem oficialmente reconhecidas, atualmente existem variações como a que destaca a vitória sobre a Aids, que acrescenta uma linha preta para relembrar aqueles que foram vencidos pela doença.

O arco-íris tem sido importante em muitos mitos e histórias relacionados a questões de gênero e sexualidade em culturas como grega ou africana, mas numa entrevista de 2008 ao The Independent, Baker explicou:
"Quando pensei em criar uma bandeira para o movimento gay [ ...] quase instantaneamente pensei em usar o arco-íris. Para mim, era a única coisa que podia expressar nossa diversidade, beleza e alegria. Fiquei surpreso que ninguém tivesse pensado em fazer uma bandeira como essa antes porque parecia um símbolo óbvio para nós”.
Lambda
Foi também na década de 1970 que o designer gráfico Tom Doerr decidiu usar lambda, a décima primeira letra grega em minúsculas - equivalente a 'L' -, como símbolo da Gay Activists Alliance. Quatro anos depois, a cidade de Edimburgo também a usou como um símbolo para representar os direitos de gays e lésbicas, proclamando esta letra grega como outro símbolo dos direitos de gays e lésbicas em todo o mundo.
A letra era usada anteriormente como um símbolo pictórico para balanças da justiça. Os espartanos a pintaram em seus escudos como uma representação do equilíbrio que deveria existir entre o indivíduo e o estado (eles acreditavam que as demandas da sociedade não deveriam interferir no direito de cada pessoa de ser livre e independente).

Hoje, a lambda é geralmente representada na lavanda, um tom associado à homossexualidade que simboliza a justiça, a reconciliação dos opostos, a unidade, o relacionamento das pessoas com a sociedade, a liberdade, a igualdade, a individualidade e a luz.
Logotipo da igualdade
O logotipo da Campanha pelos Direitos Humanos é outro símbolo da comunidade de lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros e queer, pois se tornou sinônimo de luta por igualdade de direitos básicos.
Foi projetado em 1995, num trabalho conjunto entre Elizabeth Birch, diretora executiva da associação, e Keith Yamashita, da empresa de marketing e design Stone Yamashita, alcançando um design simples que logo começaria a ser visível nas celebrações de orgulho e outros eventos LGBTQ+.

No final de março de 2013, quando a Suprema Corte dos Estados Unidos discutia dois casos de casamento igualitário, a Campanha compartilhou uma versão vermelha de seu logotipo, dando a entender que o tom é sinônimo de amor. A ocasião viralizou e esta nova versão foi oficialmente estabelecida.
Bandeira bissexual
Foi Michael Page, em 1998, que decidiu dar um símbolo ao orgulho bissexual. O grupo não se sentia totalmente representado pela bandeira multicolorida e procurou dar relevância à comunidade bissexual através de uma nova bandeira. Foi assim que este símbolo nasceu, composto por uma faixa no Pantone 226 (#D70270), representando a orientação homossexual, e uma faixa no Pantone 286 (#0038A8), representando a orientação heterossexual.
Ambas as listras se sobrepõem no centro para formar uma faixa de lavanda Pantone 258 (#734F96): "Magenta representa atração pelo mesmo sexo, azul representa atração heterossexual e lavanda, que é uma mistura de magenta e azul, representa atração por ambos os sexos”.

Orgulho Trans
A ativista transgênero Monica Helms criou esta bandeira em 1999. Esta é a sua própria explicação do design:
"As linhas na parte superior e inferior são azul claro, a cor tradicional para bebês. As listras ao lado das azuis são rosas, a cor tradicional para as meninas. A linha no meio é branca, para as pessoas intersexuais, que estão em transição ou que se consideram um gênero neutro ou indefinido. O padrão é tal que não importa em que direção veja, está sempre certo. O que significa que encontramos a correção em nossas vidas”.

Labrys
É um machado de dois gumes com nome de origem minóica cuja raiz é a palavra labus (lábios em latim). Foi usado como um cetro pelas deusas Deméter, Artemis e Demetria em batalhas que precederam atos lésbicos.
Além disso, era uma ferramenta comum nas sociedades matriarcais antigas da Europa, Ásia e África, usada não apenas como arma, mas também como ferramenta de trabalho na agricultura.
Na década de 1970, movimentos lésbicos e feministas foram criados e adotaram o machado como um símbolo de força e auto-suficiência.

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