10 dicas chave para promover diversidade no processo criativo

Diversidade e representação, propõe perguntas críticas para evitar preconceitos em sua marca ou projeto em 2021
Com frequência, os limites que encontramos em um processo criativo são inconscientes. No caso de publicitários e comunicadores, isso é especialmente verdadeiro no momento de abordar a representatividade, ou seja, projetar quem faz ou poderia fazer uso dos serviços e produtos que vendemos e das mensagens que transmitimos.
A Federação Mundial de Anunciantes (World Federation of Advertisers, em inglês) criou um guia com a finalidade de nos ajudar a repensar tais processos. O guia contém perguntas críticas que especialistas em marketing podem utilizar como orientação ao desenvolver uma campanha ou em qualquer estágio da criação de estratégias para marcas.
A seguir, e no âmbito da celebração do Pride Month, analisamos as principais perguntas incluídas no documento Diversidade e Representação do Guia para áreas potenciais de parcialidade no processo criativo.
1. A visão tendenciosa dos próprios consumidores ou públicos
As marcas que trabalham sob antigos paradigmas seguem, por padrão, uma representação padronizada e sem questionamentos de quem acreditam serem seus principais clientes.
É o caso, por exemplo, de marcas de cerveja que até recentemente se dirigiam principalmente aos clientes masculinos e heterossexuais, como se seu produto não fosse consumido por pessoas de todos os gêneros, classes sociais e orientações sexuais. Isso causava uma sub-representação e uma mensagem que, aos poucos, começou a ser corrigida. Como você pode evitar essa percepção parcial?
Pergunte-se:
- Quem é meu público?
- Quem estou excluindo?
- Pode haver algum grupo sub-representado?

2. A falta de informação técnica
Se você ou sua equipe de comunicação não puderem responder a esta pergunta, o guia sugere que você se pergunte:
- Realizei um estudo detalhado de meus consumidores para ter melhores perspectivas representativas ou apenas trabalho com grandes generalizações?
- Conheço as tensões culturais às quais minha marca está exposta?
- Tenho consciência das preocupações sobre os estereótipos do grupo sobre o qual estou comunicando?
- Já contratei especialistas que possam me assessorar sobre questões específicas do grupo representado?
- O público pode interpretar suas intenções positiva ou negativamente?
3. A conexão emocional
Conectar-se a outros públicos não significa reduzi-los à imagem de novos clientes. A importância de entender a dimensão social da comunicação, explica o guia, tem a ver com transcender uma visão meramente mercantilista.
Pergunte-se:
- Minha marca é capaz de refletir que vejo a representação como uma questão fundamental, que vai além das questões comerciais?
- Sou capaz de refletir um valor que não seja uma oportunidade de negócio?
- Sou capaz de despertar um valor maior que aquele que beneficia somente a marca?
- Posso transmitir uma mensagem que colabora na construção de uma sociedade mais justa?

4. A diversidade na equipe
Embora atualmente todos saibamos que equipes com diversidade tenham mais facilidade para descobrir novas perspectivas e realizar um trabalho de comunicação eficiente, os responsáveis pelo guia reconhecem que “a indústria da publicidade, em geral ,não é suficientemente plural e aí está a raiz do problema".
Pergunte-se:
- Posso chegar a uma equipe de profissionais com background mais diverso e especializado?
- Pensei em incluir genuinamente em minha equipe pessoas das comunidades que represento?
A regra dos 3Ps
Não se trata apenas de mostrar e dar visibilidade, mas de oferecer uma representação autêntica que parta da configuração das próprias equipes. Para isso, o guia sugere refletir sobre como você está aplicando a regra dos 3Ps, que consistem em:
- A presença: ou seja, quem aparece na comunicação?
- A perspectiva: a partir de que ponto a história é contada?
- A personalidade: o que dá profundidade à mensagem?
5. A necessidade de informação e pesquisa
A incorporação da representação de novos públicos requer estudo constante e minucioso, um plano de testes e aprendizado. É preciso considerar que quanto mais amplos os testes, mais "dissolvidas" ficarão as perspectivas que nos interessam. Em outras palavras: precisamos ter targets e públicos muito específicos para melhorar nossa visão.
Quando tiver localizado os novos públicos ou consumidores que quer incorporar a sua mensagem, pergunte-se:
- Quão bem posso pesquisar os problemas de estereótipos neste grupo? Há especialistas que podem me ajudar?
- Quais são suas urgências, áreas de necessidade e interesse?
- Posso me aliar a outras empresas ou fundações com as quais possa trocar informações e colaborar?
- Criei um espaço seguro para críticas francas e honestas de pessoas que podem me assessorar?

6. As imagens nas redes e campanhas
Ao escolher quem mostrar e como, as perguntas sugeridas são:
- Deixei tempo suficiente para explorar um processo de casting inclusivo?
- Um grupo sub-representado poderia desempenhar um papel maior e mais inspirador?
- Já considerei se os acessórios ou opções de figurino reforçam os estereótipos?
- Qual a diversidade da equipe de produção? Eles poderiam notar algo que não vi?
- Pode haver um concurso que torne mais fácil a realização de trabalho por diretoras e técnicas mulheres, transexuais ou de outro grupo sub-representado?
7. A edição do conteúdo
Mesmo que o processo criativo funcione bem, há ocasiões em que a pós-produção pode alterar negativamente o projeto.
Algumas perguntas a fazer para evitar isso:
- Há diversidade na equipe de pós-produção?
- Qual é o elenco das vozes em off, estou evitando estereótipos?
- Considerei as nuances coloquiais dos sotaques?
- Existem oportunidades para tornar o material mais acessível? Por exemplo, com áudios descritivos para deficientes visuais ou legendas para deficientes auditivos ou surdos.
- Garanti que os processos de aprovação levem em conta os preconceitos?
- Verifiquei se a edição final condiz com minha ambição de diversidade?

8. A circulação do conteúdo
Onde você coloca seu conteúdo, quem o assina e o que financia é tão importante quanto o conteúdo em si.
Algumas perguntas a se fazer:
- Meus planos de mídia estão a salvo de financiar conteúdo de ódio ou desinformação?
- Há canais em que não seria apropriado estar presente?
- A combinação de marketing, uso de dados ou configurações de segurança da marca pode ser ofensiva e incoerente?
- Considerei incluir ativamente ou estabelecer parceria com organizações focadas na diversidade?
- Poderia colaborar ativamente com uma mídia especializado, deixando-me guiar por ela?
9. A avaliação do impacto
Para seguir integralmente o processo de forma consciente, você deve avaliar o impacto do seu lançamento e, também, preparar-se para possíveis respostas positivas e negativas de consumidores e colegas.
Pergunte-se:
- Qual é o plano de acompanhamento/resposta para quaisquer comentários sobre as representações?
- Minhas equipes de mídias sociais estão informadas?
- Estou preparado para responder aos comentários de ódio que receber?
- Estou pronto para responder se as comunidades que estou tentando representar fizerem perguntas?
- Preparei respostas para os melhores/piores resultados possíveis?
10. A evolução da mensagem
Para os autores deste guia, todos estamos começando uma jornada rumo a uma comunicação mais inclusiva. Para não nos perdermos no caminho, devemos criar uma cultura de aprendizado que inclua avaliação e análise constante de acertos e erros.
A última pergunta, então, é inevitável:
- Como estou construindo meu corpo de conhecimento, eficácia e perspicácia para capitalizar minhas experiências?
Se quiser acessar o documento original, do qual as dicas foram extraídas, e aprofundar-se em pontos específicos, você pode fazer o download do guia completo aqui.
Lembre-se de que o conteúdo está disponível somente em inglês. A mensagem do guia é clara: em todas as etapas do processo de marketing, incluída a comunicação que criamos, existe a oportunidade de melhorar a representação.
Em 2021, na Domestika, celebramos o Mês do Orgulho LGBTQIA+ convidando a comunidade a criar uma peça artística dedicada ao seu ícone LGBTQIA+ favorito, com sua técnica de eleição. Um projeto de homenagem, onde você expressa sua visão de igualdade, amor próprio, tolerância e liberdade.
Confira aqui a ação do fórum #CrieComOrgulho e participe!
Versão em português de @ntams.
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