O que são as cores diretas ou Pantone?
Dois profissionais do design explicam o que são as cores diretas e quando e como utilizá-las
Tanto Chack Robles (@chackrobles) como John Naranjo (@jonaranjo) trabalham há mais de duas décadas no mundo publicitário e editorial, respectivamente. Isso os levou a conhecer o mundo da imprensa por dentro e com profundidade. Ao longo de suas carreiras profissionais, tiveram a oportunidade de trabalhar com cores planas em diversas ocasiões, e por isso os chamamos para dissipar qualquer dúvida do que são e quanto utilizar as cores diretas ou Pantone.
O que é uma cor direta?
Como nos conta John Naranjo, as cores, em função de sua origem, podem ser diferenciadas em cores luz - derivadas da decomposição da luz e que compõem a luz em valores RGB em telas e dispositivos - e cores pigmento, criadas a partir da mescla química de pigmentos. A esse segundo tipo pertencem as cores diretas.
Estas "servem para selecionar as cores especiais que podem ser aplicadas em uma só passada, sem precisar combinar cores ou offset (Cyan, Magenta, Amarelo e Preto) ou quadricromia”, esclarece Chack Robles. O sistema Pantone, composto por cores diretas, conseguiu interpretar várias cores mesclando pigmentos básicos e, através dele, “é possível alcançar cores fora da gama, que não podem ser representadas de maneira digital, como cores metalizadas, cores pastéis etc.”

Quando se recomenda usá-las?
O seu uso não é indicado para todos os projetos, mas os dois concordam que no mundo da identidade corporativa, se quisermos atingir uma homogeneidade e ter um controle maior do acabamento e da cor da impressão, independente do meio ou suporte no qual iremos plasmar nosso design, é recomendável usar as cores Pantone.
John Naranjo destaca também a importância de usar as cores diretas quando queremos que a peça impressa chame a atenção pelo seu acabamento especial (não à toa também são conhecidas como “cores especiais”). Além disso, considera que “o trabalho com cores planas demonstra um alto nível de conhecimento de uma ferramenta básica de comunicação visual. Seu uso significa, da parte do criador, um grande saber da parte técnica de reprodução, assim como um manejo das partes simbólicas e interpretativas”.
Porém, "quando tratamos de peças únicas, de arte ou de esboço, peças que não serão reimpressas, ilustrações ou tudo que for digital, aí sempre nos guiaremos pela combinação RGB”, aponta Robles.

Como indicar no design que é preciso trabalhar com uma cor direta?
Os principais programas de design possuem bibliotecas de cor incorporadas que permitem escolher e indicar o Pantone exato que queremos usar no projeto. “Se você já tem uma cor especial gerada e aprovada que criou a partir de um CMYK, é preciso trocar a cor para Spot Color, que nas paletas de cor aparece como um quadro com um círculo no meio”, explica Chack Robles.
Isso não significa, como lembra John Naranjo, que podemos prescindir dos guias impressos para saber como vai ficar a impressão final. E, de fato, quando vamos nos dedicar ao design impresso, “é recomendável ter conhecimento de produção gráfica e de seleção de cor para alcançar os efeitos desejados.”

O que levar em conta na hora de trabalhar com essas tintas?
Para Chack Robles, o mais importante é "ter um guia Pantone, de preferência a Coated, para que tanto você quanto o seu cliente possam ter a referência em cor direta e sua versão em quadricromia, assim é possível designar um formato que funcione em ambos os tipos de impressão. Trabalhar com cores diretas é sinônimo de qualidade, já que não existem variantes possíveis; é preciso ser idêntico ao guia Pantone.”
Escolher imprimir Pantone ao invés de quadricromia também repercute no bolso, já que sai mais caro. Porém, Chack Robles acredita que “se você vai usar 3 cores diretas (em termos de custo e qualidade), é melhor trabalhar com quadricromia; mas se falamos de 4 cores diretas ou mais, o custo será maior que trabalhar com a mistura, e os arquivos também ficarão mais complexos de trabalhar, já que, lamentavelmente, há muitas pessoas que não sabem fazer separação de cor manual”.
Também devemos levar em consideração que há gráficas que não trabalham com cores diretas (embora ter uma referência possa levar a calibrar e igualar a cor, como Robles bem aponta) e que o prazo de entrega, às vezes, se estende.
Por último, John Naranjo chama a atenção sobre o tipo de papel e os acabamentos: “aplicar uma laminação, seja fosca ou brilhante, sobre uma tinta especial, pode distorcer a cor. Também é preciso levar em conta o tempo para secar e o comportamento da tinta ao longo do tempo; as tintas especiais costumam mudar drasticamente com a exposição prolongada ao sol (como acontece com a exposição da lombada de um livro ao sol em uma biblioteca, a cor da lombada muda e a da capa, que não está exposta, não)”.

Chack Robles ministra o curso “Arte final: preparação de arquivos para impressão” no qual explica tudo o que é necessário para adaptar seus projetos para produção em diferentes meios impressos. John Naranjo, no curso “Concepção e produção de um projeto editorial” ensina o processo de criação de um livro do começo ao fim.
Versão em português de (@xnesky).
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