Quino para sempre!

Artistas, cartunistas, escritores de quadrinhos e ilustradores refletem sobre a influência que Quino teve em suas vidas
Quino transcendeu fronteiras e gerações. Ele continua a nos acompanhar e acompanhará seus novos leitores, que não terão a sorte de vê-lo pessoalmente. Mas, quanta vida nos deixa a obra e os personagens de um artista assim. Ficamos, como acontece com qualquer bom cartunista e artista, com suas ideias que ultrapassam as palavras e os versos e permanecem para sempre habitando em cada leitor, fazendo-nos sentir não só que aquilo que ele retrata poderia ter acontecido com a gente, mas que, de fato, aconteceu exactamente dessa forma. Termómetro do mundo, retratista universal da natureza humana, obrigado por tudo, Quino e até sempre.
Perguntamos a alguns artistas, cartunistas, autores de quadrinhos e ilustradores sobre a influência que Quino teve em suas vidas e dessa forma, juntamente com essas palavras e desenhos, comemoramos a vida dele.
Miguel Gallardo (@gallardo)
Quino foi uma das minhas primeiras influências nos quadrinhos, através de suas tirinhas da Mafalda, mas foi depois de descobrir seu enorme trabalho de humor gráfico que ele penetrou mais profundamente em minha própria filosofia de humor e maneira de fazer as coisas. Quino praticava um tipo de humor baseado em gente normal, essa gente que não merece uma linha nos livros de história. Colocar esses homens e mulheres "normais" em situações equívocas e mostrar as suas reações a situações surreais acabou por me contagiar ao desenvolver meus quadrinhos e trabalhos gráficos.

Paco Roca (@pacoroca)
Quino soube ligar-se a um grande público de diferentes gerações. Quem não leu a Mafalda pelo menos uma vez? Algo assim só está ao alcance de grandes gênios. Fico com a sua análise, sempre certeira, da vida e, sobretudo, do humanismo de seus personagens.

Alejandra Lunik (@alejandralunik)
Quino me influenciou muito pela técnica. Graças a ele e a outros cartunistas, me interessei em querer desenhar "bem". Então, em algum momento, fiquei obcecada em ser capaz de desenhar em detalhe até mesmo as rugas das roupas. Depois, felizmente, superei isso.
Apesar de ter lido mil vezes as tirinhas da Mafalda, prefiro as suas piadas para adultos, aquelas que ele desenhava de página inteira.
Quino teve sorte de coincidir com uma época em que ser cartunista era um trabalho remunerado. Parece difícil, com a velocidade e as condições de hoje, conseguir atingir esse nível de qualidade gráfica.

Daniel Roldán (@danielroldan7)
Conheci Quino por meio de suas páginas da revista dominical do jornal argentino Clarín. Quando era criança li-o mil e uma vezes. Não conheço aqui ninguém que não tenha sido apanhado pelas suas linhas e levado a olhar criticamente para a sua própria humanidade e a que nos rodeia. Foi o meu alimento quando eu não tinha ideia do que queria ser e minha mão muitas vezes me lembra disso.

María Luque (@mariajluque)
Quando eu era jovem, a casa dos meus avós estava cheia de Mafaldas. Eram dos meus primos mais velhos, passaram pelas mãos deles e dos meus irmãos. Eu não entendia muitas das coisas que lia, mas ainda assim me hipnotizava. Foi minha primeira abordagem aos quadrinhos e até hoje é uma grande influência para mim.

Sol Díaz
Quino me fez ver que tinha tanto, tanto mais nas histórias em quadrinhos e nos seus muitos super-heróis! Ele me mostrou a enorme capacidade que os quadrinhos têm de mostrar as misérias humanas, de nos refletir e nos transformar profundamente.
Para mim, Quino é a prova de que o desenho é uma maneira de falar sobre a dor e a injustiça de uma forma bela e poética, é a prova de que um simples lápis é capaz de destruir tudo, de virar a realidade e instalar pensamentos e sentimentos profundamente dentro de cada leitor. É e sempre será uma referência, um lugar onde regressar e uma grande inspiração para continuar.

Natalia Méndez (@natumendez)
Não trabalho como ilustradora e nunca pensei na influência de Quino no meu trabalho, embora sempre o tenha admirado muito enquanto leitora. Primeiro a Mafalda e depois as páginas que saíam na revista de domingo e que sempre olhava e lia com muita atenção. Pensando nisso agora, espero que algo do poder dessas páginas tenha passado para mim um pouco, por força de observá-las.
Cada página é um trecho de uma história mais longa, com a quantidade certa de informações, a maneira perfeita de mostrar o que você quer mostrar e eu adoro essa condensação. Gosto de pensar nisso como um exercício: a maneira de contar uma história com uma parte de seus elementos e, mesmo assim, graças àquela imagem fugaz, entender um pouco mais o mundo que nos cerca.

Cristian Turdera (@cristianturdera)
Quando o talento para contar histórias, o virtuosismo da linha, a inteligência voltada para o humor e o espírito crítico estão por trás de algo que, além do mais, se torna tremendamente popular, a equação é explosiva, indiscutível e eterna. Se você está desenhando e tentando pensar ao mesmo tempo, você deve algo a Quino.

Abril Castillo Cabrera (@abrilcastilloc)
Quem você era? Mafalda, Miguelito, Guille, Susanita, Libertad ou Felipe? Todos nós lemos Quino. Crescemos, nos formamos, rimos com suas tiras. No México, esperávamos os domingos para ganhar a revista em quadrinhos do jornal Excelsior e ler a Mafalda. Minha prima sempre escolhia esses livros como seus livros do mês (tínhamos que ler um livro por mês na escola primária), até que a professora pediu que ela lesse outra coisa. Nunca leio a mesma coisa de todas as vezes que leio a Mafalda, pensava a minha prima. E, às vezes, essas são as melhores leituras. Quino, tão inesgotável.

Versão em português, por @sergiofelizardo
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