Arte

Por que Van Gogh pintava tanto em amarelo?

Descubra algumas das teorias que tentam explicar a obsessão de Van Gogh pela cor amarela

No dia 20 de junho, as redes sociais se enchem de fotos com a hashtag #YellowDay. A razão é que, em 2005, este começou a ser considerado o dia mais feliz do ano, em oposição ao #BlueMonday, o dia mais triste do ano, assinalado na terceira segunda-feira de janeiro... pelo menos para a população mundial que vive no hemisfério norte, claro!

Existe inclusive a fórmula da felicidade, criada pelo psicólogo britânico Cliff Arnal para justificar a data (ele é também o responsável pela fórmula que determina o dia mais triste). Através de uma equação "O + (N xS) + Cpm / T + He", Arnal concluiu que o Yellow Day cai em 20 de junho.

Para entender cada fator, "O" significa mais tempo ao ar livre, "N" é o vínculo com a natureza, "S" a socialização, "Cpm" as lembranças positivas da infância, "T" é a temperatura quente e "H" as férias. Mas resta outra pergunta: por que essa relação entre datas e cores e por que amarelo?

O Yellow Day se opõe ao Blue Monday, o dia mais triste do ano
O Yellow Day se opõe ao Blue Monday, o dia mais triste do ano

Neste caso, a escolha da cor está associada principalmente ao solstício de verão que ocorre normalmente em junho no hemisfério norte (e em dezembro no hemisfério sul).

Como consequência, os dias ficam mais longos e há mais horas de luz, o que influencia positivamente nosso estado de espírito. Isso fez com que Arnal escolhesse o amarelo como a cor mais representativa, pois em seu país (e no resto do mundo) simboliza alegria.

Mas a cor amarela não se associa somente a este dia do ano. Para criativos e pintores é uma cor de inspiração, como é o caso de Vincent Van Gogh, que tinha uma grande predileção por ela. Descubra a seguir as teorias que tentam explicar sua obsessão pelo amarelo enquanto passeia por algumas de suas obras.

'Les Alyscamps', pintado em Arles (1888)
'Les Alyscamps', pintado em Arles (1888)

O "amarelo Van Gogh"

Vincent Van Gogh (1853-1890) começou a pintar aos 32 anos, mas não perdeu tempo, chegando a criar até dois ou três quadros por dia. Considerado um dos maiores expoentes do pós-impressionismo, sua obra não foi reconhecida em vida.

Suas crises depressivas e a imagem de gênio solitário estão sempre presentes em sua biografia, às vezes relacionando seu estado psicológico ao estilo particular, repleto de pinceladas dramáticas e cores intensas. Embora, se há uma cor que se destaca das outras, é o amarelo.

'A Casa Amarela' (1888)
'A Casa Amarela' (1888)
'Semeador com sol poente' (1888)
'Semeador com sol poente' (1888)

Quando Van Gogh se instalou em Arles (França), apaixonou-se por sua luz e isso afetou sua produção artística. Em pouco mais de um ano pintou cerca de 300 obras e sempre com esta cor como protagonista, mesmo em composições noturnas.

Em uma carta para o irmão Theo, Vincent confessou que se sentia impotente por não conseguir reproduzir toda a força da luz de Arles. A Vinha Encarnada, O semeador, Terraço do Café à Noite e A casa amarela são algumas das obras mais marcantes do período.

Além disso, um dos primeiros quadros da série de pinturas a óleo, Girassóis, foi possível graças ao amarelo do cromo, um novo pigmento desenvolvido durante o século XIX. O pintor não hesitou em usá-lo para tornar os girassóis muito mais luminosos.

Girassóis (1888), um de seus temas favoritos.
Girassóis (1888), um de seus temas favoritos.

De onde vem essa predileção pelo amarelo?

Muito se especulou sobre sua obsessão pela cor. Tanto é verdade, que chegou-se ao ponto de dizer que Van Gogh bebia tinta amarela para refletir com os pincéis o que sentia e manter o espírito alegre.

A verdade é que não há nenhuma prova disso. Sabe-se, como afirma outra teoria, que consumia digitalina ou digitalis purpurea. Trata-se de uma flor então utilizada para o tratamento de insuficiência cardíaca e que produziu nele uma alteração ocular.

Em uma de suas pinturas, o Dr. Paul Gachet (responsável por seu tratamento nos últimos anos de vida) aparece com a flor digitalis purpurea na mão. Van Gogh estava tentando dizer algo?

Retrato de Dr. Gachet (1890)
Retrato de Dr. Gachet (1890)

Outra hipótese sustenta que é possível que o pintor sofresse de xantopsia, doença em que a percepção das cores muda e os objetos adquirem uma tonalidade amarelada. A Biblioteca Nacional de Medicina dos Estados Unidos, inclusive, chegou a publicar um artigo a respeito.

Também chegou-se à conclusão que os halos amarelos em A Noite Estrelada podem ser uma consequência do glaucoma de que Van Gogh sofria. A doença provocaria um escurecimento da córnea e faria com que visse halos circulares ao redor dos pontos de luz. Assim, como via a realidade, ele a pintava.

'A Noite Estrelada' (1889)
'A Noite Estrelada' (1889)

O amarelo se apaga

Embora os traços de Van Gogh ainda sejam expressivos, hoje o amarelo perdeu intensidade. Especialistas afirmam que nos Girassóis foram produzidas mudanças químicas nos pigmentos de cromo pela exposição aos raios ultravioleta.

Um fenômeno que também ocorreu em Vista de Arles com Lírios e Margens do Sena.

'Vista de Arles com Lírios' (1888)
'Vista de Arles com Lírios' (1888)

Enquanto alguns defendem teorias médicas, outros preferem pensar que se tratava de uma escolha pessoal. De qualquer forma, mesmo no final do dia, Van Gogh continuava vendo a luz desde o Terraço do Café graças ao amarelo.

Se gosta do pintor e admira seu talento, você certamente sente felicidade ao contemplar suas obras, coincidindo ou não com o Yellow Day.

'Terraço do Café à Noite' (1888)
'Terraço do Café à Noite' (1888)

Qual é a sua obra favorita de Van Gogh? Deixe o título nos comentários.

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