Conheça o legado criativo da artista inuit Kenojuak Ashevak
Celebramos a arte encantada e a vida desta notável artista visual esquimó
Kenojuak Ashevak nasceu em um iglu, num acampamento inuit em 1927. Tornou-se uma das artistas visuais mais celebradas do Canadá, acumulando honrarias e conquistas até seu falecimento, em 2013.
Filha de um caçador e comerciante de peles inuit, cresceu viajando de acampamento em acampamento na região Ártica. Aos 19 anos, casou-se com Johnniebo Ashevak, um caçador inuit e artista completamente autodidata com quem colaborou em alguns projetos.
No fim da década de 50, tanto Kenojuak quanto Johnniebo realizaram experiências com entalhes e desenhos.
Artista esquimó: Kenojuak
Em 1963, sua vida e obra foram tema de um documentário em curta-metragem produzido pelo National Film Board do Canadá, que apresentou sua vida e arte ao mundo além de seu acampamento em Cape Dorset.
Eskimo Artist: Kenojuak conta a história de Kenojuak, então com 35 anos, e sua família. É o retrato de uma comunidade inuit situada em uma bela paisagem sob condições naturais extremas. O filme a apresenta desenhando à luz de velas. Um cortador de pedras, cujo papel normal seria o de caçador, esculpe seu desenho em uma pedra de origem local; outro membro da comunidade aplica tinta colorida na pedra entalhada observado com atenção pelo entusiasta da arte inuit, James Archibald Houston. Juntos, eles criam 50 gravuras para serem vendidas.
No filme, Kenojuak se maravilha ao ver "um pedaço de papel do mundo exterior, tão fino quanto a casca de um ovo de Junco", transformar-se na primeira impressão de seu belo design. Com o dinheiro que Kenojuak ganhou com o filme, Johnniebo comprou a própria canoa e tornou-se um caçador independente para ajudar no sustento da família.
A Cooperativa West Baffin Eskimo
Houston apresentou a gravura aos artistas de Cape Dorset na década de 50. A West Baffin Eskimo Cooperative foi criada em 1959 e Houston passou a comercializar o artesanato e a arte criada ali, além de organizar exposições.
Os desenhos de Kenojuak foram parte das exposições até sua morte e sua cativante popularidade lhe rendeu honrarias e reconhecimento ao longo das décadas.
Estilo
Kenoujak Ashevak trabalhava com grafite, lápis de cor e canetas hidrográficas. Ocasionalmente, usava tintas para pôster, aquarelas e acrílicos. Criou inúmeros entalhes em pedra-sabão e milhares de desenhos, gravuras e impressões. A temática de sua obra percorre a natureza, os peixes de cores vívidas, seus pássaros preferidos e sóis radiantes.
Eis como Kenojuak descreveu o próprio processo criativo:
"Eu só tiro essas coisas dos meus pensamentos e da minha imaginação, não dou qualquer peso à ideia de que seja a imagem de algo... Apenas me concentro em colocá-las no papel de uma forma que agrade meu olhar, não importando se tem algo a ver com a realidade subjetiva. Foi assim que sempre tentei criar minhas imagens e é assim que continuo fazendo. Ainda não pensei sobre isso de outra forma. É só o meu estilo e é a maneira como comecei e como sou hoje."
A Coruja Encantada
Esta impressão de 1960 é uma das obras mais famosas de Kenojuak. Retratando um dos pássaros que ela mais gostava de desenhar, esta imagem traz cores vívidas, formas simples e arredondadas e uma composição forte. É um trabalho representativo de seu estilo e dos temas relacionados à mitologia inuit, recorrentes em sua arte.
Em 1970, a Coruja Encantada foi reproduzida em um selo comemorativo ao centenário dos Territórios do Noroeste.
Conquistas
Ao longo dos anos, Kenojuak recebeu diversas honrarias. Em 1967, a Ordem do Canadá. Em 1992, dois diplomas honorários, um da Queen's University e outro da Universidade de Toronto. Em 1996, foi homenageada com o Lifetime Achievement Award na National Aboriginal Achievement Awards Ceremony, em Vancouver.
Em 2001, Kenojuak entrou para a Calçada da Fama do Canadá, sendo a primeira artista inuit a receber esta honra. Em 2008, recebeu o Prêmio do Governador Geral pela excelência nas artes visuais.
Kenojuak Ashevak levou a arte inuit para o mundo. Era muito modesta em relação ao próprio trabalho, mas "grata pelo fato de ter recebido este presente", relembra uma amiga.
Após uma carreira prolífica e aclamada, em 2013, Kenojuak morreu pacificamente em casa, cercada pela família e comunidade que amava.
Versão em português de @ntams.
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