5 dicas para trabalhar com bordado

Confira conselhos de especialistas e profissionais de bordado para trabalhar na área e se destacar

O cuidadoso trabalho de bordar acompanha a humanidade há séculos, sempre com o propósito de decorar, diferenciar e dar um significado especial a peças de roupa. Ao longo do tempo, a técnica se transformou, deixando de ser de algo a que somente os ricos e poderosos podiam se permitir, para se converter num recurso comum a quase todas as classes sociais. O bordado é uma forma de expressão bastante ampla, presente em inúmeras culturas, do Oriente ao Ocidente e evoluiu como uma arte acessível, dotada de um processo criativo muito livre.

Para Paula Linard, bordadeira profissional há cinco anos, as possibilidades do bordado são quase infinitas, desde decoração de quadros, customização de roupas usadas e novas até peças mais autorais. "Existe muita, muita demanda de encomenda para fazer coisas para bebê ou presentear alguém. Basta ter um pouquinho mais de habilidade com o desenho para fazer uma coisa mais autoral. A gente tem sempre que puxar para esse lado da arte, já que é uma expressão e é bom tentar fazer o seu desenho, acolher seu traço, assim como você vai acolher o seu ponto, porque é uma arte manual e a gente não quer perfeição. Gosto de acolher a imperfeição do ponto e do desenho. É um exercício, nem sempre eu acho tão bonito de primeira, mas o resultado final sempre me deixa feliz, porque foi feito pelas minhas mãos, do começo ao fim. Esse valor é inestimável”, diz.

"O bordado, inicialmente, é uma técnica para adornar sobre um tecido (ou, ampliando, qualquer superfície que possa ser furada). Então, pensando livremente, tudo que pode ser adornado, roupas, decoração, pode receber o bordado. É uma técnica para diferentes segmentos de mercado”, resume Flavia Lhacer, artista têxtil, professora de bordado e figurinista.

Se pensa em começar a bordar por hobby ou para trabalhar na área, estas dicas são para você:

Nunca pare de estudar

A principal dica para começar no mundo do bordado é nunca parar de estudar e continuar explorando novas técnicas enquanto aprimora o conhecimento que já possui. Ao avaliar as boas práticas para um bom bordador, o artista visual Pedro Luis esclarece: “O que fazer: explorar uma técnica de varias maneiras possíveis, ir a museus e exposições, conhecer novos artistas, se inspirar sempre de várias formas possíveis. O que não fazer: copiar o que já foi feito, pois copia é diferente de inspiração. Todo mundo tem histórias pra contar, por que não contar da sua maneira?”.

Estudar é também a dica de Paula, que recomenda bordar com frequência para treinar e refinar o ponto. Além disso, para quem quer investir em bordado autoral, estudar desenho é essencial. “E se jogar, né?, falar para as pessoas que está bordando, criar uma página em alguma rede social mostrando a sua arte e oferecer seu trabalho. Acho importante você mostrar ao mundo que está se expressando desta forma agora e que está aceitando encomendas. Também é importante procurar lugares para deixar o seu trabalho exposto, lojas por consignação, feiras de exposição. O online é um excelente caminho, especialmente na pandemia. Temos que mostrar a cara ao mundo!”, enfatiza Paula.

Borde, borde, borde!

Conhece o ditado de que a prática leva à perfeição? Para todos os especialistas entrevistados, esta é uma máxima que encaixa em todo tipo de arte manual – no bordado, ainda mais. "Borde, borde, borde. Crie uma rotina para se relacionar com a técnica, se der, todos os dias. Faça cursos, conheça professores com linguagens diferentes e que possam ajudar você a seguir sua própria história. Ouvi a Gimena Romero dizendo uma vez 'trabalhe até que você não tenha mais que falar do seu próprio trabalho'. É exatamente isso”, salienta Flavia Lhacer.

Use as redes sociais a seu favor

As redes sociais transformaram as dinâmicas de diversas profissões e com o bordado não é diferente. Utilize-as para divulgar seus trabalhos e obras, para interagir com outros artistas, acompanhar tendências e estudar, por exemplo. Em redes como o Instagram, cujo apelo visual é forte, o bordado ganha ainda mais destaque.

"As redes sociais ajudam na divulgação de um trabalho, porque têm uma visibilidade ampla e você pode alcançar, com uma foto ou vídeo, pessoas que não teriam como ver o seu trabalho. Portanto, é bem importante divulgar em rede social. Uso bastante o Instagram e tenho um site com este propósito", recomenda Paula.

Para que seu trabalho seja encontrado com mais facilidade, utilize hashtags. Algumas sugestões são:

#bordado #feitoamao #bordadolivre #bordadoamão #embroideryart #handmade #embroidery

Aprenda a precificar o seu trabalho

Não saber como precificar o próprio trabalho é comum quando estamos dando os primeiros passos na carreira, especialmente no trabalho criativo que, erroneamente, é visto como algo subjetivo ou abstrato. Além do resultado do trabalho, a entrega, é preciso considerar variáveis como horas trabalhadas, ferramentas utilizadas, cursos, experiência e outros recursos que fazem parte do processo de criação e realização.

Aprender como precificar o seu trabalho, portanto, é essencial, embora seja uma tarefa difícil. “Geralmente, dou um valor baseado na minha hora trabalhada, levando todos esse fatores em consideração. Também levo em conta o prazo que me é dado (isso no bordado é muito importante) e os valores dos materiais que vou usar. Mas, não existe uma matemática certa para se chegar a um valor. Acho que cada um tem que avaliar sua história”, diz Flávia.

Para Pedro Luis, os pontos importantes na hora de precificar são levar em conta o valor do material que você usou, a sua hora de trabalho e, dentro da sua hora de trabalho, também o seu lucro. “É legal olhar o que outras pessoas que fazem trabalhos similares estão cobrando para se ter uma ideia. Mas acho que, no fundo, a gente sabe quanto realmente o nosso trabalho vale”, pondera.

“Sempre sofri um pouco para dar o preço daquilo que estou fazendo, mas ultimamente tenho começado a fazer uma planilha de horas trabalhadas e quanto gasto de material, mais ou menos, para, então, fazer um preço em cima disso. Mas acho que, se eu fizer uma pesquisa de mercado e vir o trabalho de outras bordadeiras, já dará para ter uma pequena ideia, porque acho que isso é muito subjetivo. Cada um sabe cobrar de um jeito e aprendi este ano só, depois de muito bordar”, diz Paula.

Outra opção para ganhar dinheiro com bordado é investir mais tempo em técnicas consideradas mais caras como o Bordado Luneville, técnica feita em tule com pedrarias, geralmente usado em peças de decoração, alta costura e vestidos de noiva. Ou até mesmo o bordado livre, que permite uma diversidade de criações e possibilidades autorais.

Para Pedro, todas as técnicas feitas com carinho são valiosas e este sentimento é transmitido para as pessoas, por isso o valor do seu trabalho aumenta.

Defina a mensagem que quer transmitir

Por fim, depois de pensar nos aspectos citados nas dicas acima, existe um elemento que fará a diferença no seu trabalho: ter clareza na mensagem transmitida. Seja claro no que você diz através do seu bordado, das técnicas que utiliza ou mescla. Definir estes valores ajudará o seu trabalho a se destacar da multidão e, consequentemente, ser reconhecido. “Procure entender qual mensagem você quer passar com o bordado. Sempre se questione: por que o bordado? Porque essa mensagem se passa melhor através das linhas do que com outra técnica. Procure artistas inspiradores, não necessariamente artistas têxteis, é muito bom consumir referencias diferentes e, depois, materializar isso à sua maneira”, justifica Pedro.

Gostou destas dicas? Se quer saber mais sobre bordado, confira os cursos da Domestika sobre o tema.

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