Isaque Criscuolo
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@isaque_criscuolo
Marketing

Como precificar seu trabalho criativo?

  • por Isaque Criscuolo @isaque_criscuolo

Confira dicas de criativos sobre como e quanto cobrar pelo seu trabalho

Não saber como precificar o próprio trabalho é comum quando estamos dando os primeiros passos na carreira, especialmente no trabalho criativo que, erroneamente, é visto como algo subjetivo ou abstrato. Além do resultado do trabalho, a entrega, é preciso considerar variáveis como horas trabalhadas, ferramentas utilizadas, cursos, experiência e outros recursos que fazem parte do processo de criação e realização.

Para você que precisa definir os valores do seu trabalho, entrevistamos criativos para reunir dicas valiosas para te ajudar a definir um critério de precificação do seu serviço ou produto.

Crédito: Marcos Felipe
Crédito: Marcos Felipe

Aline Valek é escritora, ilustradora, comunicadora e podcaster. Autora do romance As águas-vivas não sabem de si (Rocco) e de contos já publicados em várias coletâneas e revistas, como a Superinteressante e a Dragão Brasil. Escreve há 11 anos na internet e é atuante na área de publicação independente.

Como precificar o trabalho criativo? Quais dicas você dá para quem está começando a carreira ou tem dificuldades para precificar o próprio trabalho?

Valor é um atributo muito subjetivo. O preço é o número que tenta refletir o quanto vale nosso trabalho, ainda que por aproximação. Definir preço não é uma ciência exata.

Eu busco basear o preço dos meus serviços em tempo. Afinal, é o meu tempo de vida que estou consumindo para fazer o trabalho, mais o tempo de vida que consumi para estudar, pesquisar e desenvolver a minha habilidade e experiência para fazer o trabalho.

Crédito Aline Valek
Crédito Aline Valek

Então eu atribuo um valor para a minha hora, que vai depender de qual é o trabalho em questão e das circunstâncias envolvidas na sua execução. Por exemplo: o cliente tem um prazo muito mais curto do que o tempo que eu preciso para criar, ele precisa com urgência? O custo da hora será maior. Para fazer o trabalho vou usar materiais ou ferramentas que têm um custo maior para mim? Levo isso em consideração para compor o valor da hora. Então eu calculo: quanto tempo vou levar para realizar esse trabalho?

Essa lógica me ajuda a chegar em um valor X, que posso ajustar para o que considero justo. Estou confortável em cobrar esse valor? É justo eu receber essa quantia em troca desse trabalho? No fim das contas, é essa avaliação subjetiva que define quanto vou cobrar.

Crédito Aline Valek
Crédito Aline Valek

Você tem alguma história engraçada de quando te pedem orçamento?

Situações chatas tenho um monte para contar, mas na hora nunca é engraçado. É até triste às vezes. Teve a vez em que me ofereceram um valor irrisório, com a justificativa de que no futuro gostariam de valorizar mais os autores. Bem, então quando o futuro chegar, a gente conversa, né?

Também teve a vez em que peguei um trabalho que considerei que seria simples, mas me tomou muito mais tempo do que o necessário porque o cliente era muito desorganizado. O dinheiro que eu ganhei não pagava a raiva que eu passei. Mas aí o erro foi meu, que não incluí uma margem de “seguro contra passar nervoso” no orçamento.

Por qual motivo as pessoas têm dificuldade em precificar e valorizar o trabalho criativo?

Porque é muito difícil enxergar o próprio valor. Primeiro, porque vivemos em uma sociedade em que valor é normalmente vinculado à utilidade. A arte não necessariamente precisa ser útil para ser boa, acredito inclusive que é importante que não seja útil, então acaba sendo muito difícil apontar que arte tem sim valor.

Em segundo lugar, porque tem muita culpa envolvida. Estamos acostumados a ver dinheiro como algo indigno, algo que nos rebaixa, e a entender o fazer artístico como algo que se faz por amor, que precisa envolver sofrimento. Eu não aguento mais essa romantização de artistas vivendo na pobreza! Pobreza é horrível, deixa cicatrizes profundas na gente. Aprender a ver valor no próprio trabalho é um processo. Demorei muito para entender que amo meu trabalho porque sei fazer, e sei fazer bem. Mereço, então, receber por ele. Esse aprendizado me custou caro, por isso o defendo com tanta ênfase.

Uma das questões mais difíceis ao iniciar seu próprio negócio no mundo da criatividade é colocar um preço em seu trabalho e definir sua estratégia de negócios. No curso 'Gestão financeira para profissionais criativos’, de Mònica Rodríguez Limia, você analisará sua empresa ou ideia de negócio em nível financeiro para fornecer as melhores bases, fazer crescer e avançar.

Como precificar seu trabalho criativo?  11
Como precificar seu trabalho criativo?  12

Ícaro de Abreu é inventor com grande experiência em comunicação, design, tecnologia, arte e mobilidade. Possui mais de 15 anos de experiência em agências, empresas de produção e instituições de ensino como DraftFCb, Mather, Mackenzie e clientes como Facebook, Budweiser, Volkswagen, Toyota, Nestlé, Vivo, P&G, Discovery Channel, Vodafone e Warner. Foi Head de Inovação da IBM Latam e Vice Presidente criativo na Mutato.

Como precificar o trabalho criativo? Quais dicas você dá para quem está começando a carreira ou tem dificuldades para precificar o próprio trabalho?

Ideias todos somos capazes de ter. O que a gente cobra, em geral, não é a ideia e sim o caminho que devemos percorrer até ela e o caminho de execução para que ela se torne realidade. Precificar a partir das horas é como a democracia, não é a melhor forma, mais ainda não acharam uma melhor (rs). Eu precifico meu trabalho pensando quanto tempo demoro para chegar no resultado de um projeto, seja ele P, M ou G. Multiplico a quantidade de horas pelo quanto custa a minha hora ou a de alguém que vai me ajudar e ao final adiciono os impostos.

Tamanho do projeto
P: 40h
M: 80h
G: 160h
(ou seja, uma, duas e quatro semanas)

Para um projeto de 40h de execução, combino com meus clientes o tempo que demoro para entregar e para isso eu dobro o tempo. Eu entrego 40h de trabalho, mas preciso de 80h pra fechar.

Além de precificar disso, é muito importante deixar claro que o tempo de entrega do projeto não é o tempo de execução. Vai ter telefonema, o computador vai dar pau, a internet vai cair, o cliente vai pedir uma refação, algum problema pessoal e etc. Por isso é importante estabelecer um SLA (Service Level Agreement). No meu caso, dobro a estimativa de execução e combino entregas parciais com o cliente para que ele acompanhe o desenvolvimento. Como disse, não vendemos a ideia. Vendemos o caminho para que ela se torne realidade

Fórmula criada por Ícaro de Abreu para precificação de projetos criativos
Fórmula criada por Ícaro de Abreu para precificação de projetos criativos

Por qual motivo as pessoas têm dificuldade de precificar e valorizar o trabalho criativo?

Uma coisa que me dei conta a partir dos meus trabalhos é que eles não servem pra nada, até existirem. Por acreditarem que o valor está na ideia e de que o que fazemos tem algum valor, como se fosse arte. Por entendermos que ideia é algo único. Entretanto, criatividade, quanto mais se exercita, mais se tem. Não o contrário. Muita gente que conheci na vida acreditou em uma ideia que teve, largou tudo e foi tentar fazer ela acontecer. Deparar-se com a realidade de que fazer acontecer é muito mais difícil do que ter a ideia é uma constatação ruim.

E você, tem alguma metodologia para precificar o seu trabalho? Deixe nos comentários a sua sugestão.

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