O que é a ilustração botânica?
Descubra no que ela difere da ilustração científica e qual a origem desse tipo de desenho de plantas
Muito antes de se tornar uma tendência decorativa e inclusive um universo estético por si só, a ilustração botânica era a única forma de capturar informações precisas sobre a aparência das plantas e árvores.
Com o surgimento da câmera fotográfica e tecnologias que superaram a forma como observamos com nossos olhos, como o microscópio, a ilustração botânica passou a ter outro valor, mais relacionado à celebração da natureza e à linguagem poética.
Ainda assim, para os ilustradores botânicos, a abordagem científica segue sendo uma forma ideal de abordar o objeto de inspiração.
Descubra como e por quê na sequência.
Ilustração científica como ponto de partida
Segundo a designer e ilustradora mexicana Paulina Maciel (@pau_maciel), para compreender a evolução dessa arte baseada nas plantas, é interessante revisar a diferença entre arte botânica e ilustração estritamente científica e como ambas acabam se complementando.
A principal diferença entre os dois tipos de representação, explica ela, é a intenção.
A ilustração informativa/educativa pretende ensinar, por isso costuma vir acompanhada de informação escrita que acrescenta dados e indicações sobre:
- Tipos de plantas e árvores
- Origem geográfica
- Usos
- Condições de cultivo
- Características de suas partes
- Aromas e texturas
Na ilustração científica, geralmente não há uma composição maior. Trata-se de formas bastante esquemáticas, baseadas em linhas. Às vezes, as medidas são indicadas. Esse tipo de informação é mais relevante para a área do conhecimento do que para o universo artístico.
Por muito tempo, a maioria dos herbários continha ilustrações com tais características, ou seja, restritas ao aspecto técnico. Porém, com o passar do tempo, alguns desenhistas começaram a expressar seu talento e amor pelas plantas, transparecendo uma maior dedicação estética e inclusive interpretações mágicas e fantásticas das plantas.
Arte botânica
Segundo Maciel, se tirarmos toda informação de uma ilustração científica e trabalharmos em suas cores e texturas, podemos considerá-la arte botânica. Na arte botânica, o ilustrador ou pintor esquece a função informativa e se aprofunda no emocional, estético, pessoal e mágico. Está mais focado nas sensações do que nos dados.
A arte botânica e a ilustração científica, porém, não precisam ser conflitantes. A arte botânica pode ser precisa e a ilustração científica pode ter toques artísticos. De fato, é dessa fusão que surgiram as melhores peças de arte botânica.
Sem ir mais longe, o ilustrador Linnaeus, nascido em 1700 e considerado o pai da botânica moderna, combinava arte e conhecimento de forma magistral e hoje é considerado uma referência nos dois campos. Sua exploração artística integrava tudo.
Por exemplo, após observar que certas flores abriam e fechavam em um determinado horário do dia, ele decidiu realizar uma obra colocando-as em determinada ordem e convidou as pessoas a admirarem a coreografia solar que suas plantas executavam em diferentes horários do dia.
Visão científica a serviço da arte
De acordo com essa visão ampla, é recomendável que quem deseja se aventurar na ilustração botânica comece por dissecar a planta que será seu modelo. Paulina sugere começar estudando a morfologia básica.
A dissecção pode ser dividida em três passos:
1. Começamos destacando a folha da planta escolhida com um estilete. Devemos também abrir a parte da flor. Todas as plantas têm mudanças muito sutis entre uma e outra e isso nos ajudará a ser bons observadores.
2. Da flor, podemos remover as flores para ver todo o sistema reprodutivo. É interessante aprender a diferenciar a parte feminina da masculina na planta. Fazer isso sobre um fundo branco ajuda a visualizar melhor os detalhes e as cores de nossa planta.
3. Enquanto fazemos tudo isso, podemos desenhar o que vemos ou tirar fotos.
Quando o fascínio humano pelas plantas surgiu?
Embora pareça que tenhamos pintado flores desde sempre, na verdade a história da ilustração botânica é relativamente recente. De fato, poderia ser dito que praticamente não pintamos nenhuma planta por quase toda a humanidade.
O início da agricultura foi a primeira mudança a inspirar os humanos a retratar plantas em ilustrações. Não foi, no entanto, por sua beleza ou algum motivo estético, mas por sua capacidade de nos curar ou causar mal.
Para verificar isso, basta observar um dos exemplos mais antigos do uso da ilustração botânica, um livro de Dioscórides chamado De Materia Medica, de 50 d.C., realizado graças aos estudos de filósofos da Grécia Antiga, como Aristóteles e Teofrasto. Neste livro, as plantas são classificadas de acordo com seu uso: remédio, veneno ou alimento.
A história da ilustração botânica é complexa e fascinante. Você pode assistir a um resumo neste vídeo!
Se você gostaria de se aprofundar na ilustração botânica, não deixe de se inscrever no curso Caderno botânico em aquarela, no qual Paulina Maciel irá ajudá-lo a conciliar a perspectiva técnica e a artística para criar peças impressionantes.
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Versão em português de @ntams.
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