Grandes artistas que pintavam com a mão esquerda
Como diferentes estudos de historiadores da arte e cientistas demonstraram que cinco grandes criadores universais eram canhotos – embora tentassem esconder

A ciência associa o hemisfério direito do cérebro – responsável pelos movimentos e atividades do lado esquerdo do corpo – à criatividade e ao pensamento artístico. Embora, segundo recentes estudos científicos, apenas 10,6% da humanidade seja canhota, a quantidade de artistas com esta condição natural empiricamente parece superior.
Ao longo da história, os canhotos foram perseguidos e obrigados a ocultar sua condição, tanto por crenças populares – por sua suposta relação com a bruxaria e o azar –, quanto pelas lendas bíblicas e religiosas que os ligavam ao diabo e ao mal.
É o caso de alguns mestres da pintura, que viveram em ambientes hostis aos canhotos, mas que, ainda assim, deixaram sua marca indelével. Saiba mais no vídeo:
Na década de 90, o historiador da arte e escritor Philippe Lanthony analisou detalhadamente a obra de 500 pintores de todos os tempos e concluiu que alguns dos mais destacados, dos mais míticos, pintavam (única ou parcialmente) com a mão esquerda.

De acordo com as descobertas de Lanthony, há indícios na história – e também nas pinceladas – de Michelangelo, Rafael, Rubens e Picasso, além de Leonardo da Vinci, Diego Velázquez, Paul Klee, Vincent Van Gogh e Anita Malfatti, que comprovariam o uso da mão esquerda.


O caso de da Vinci é curioso. Sua célebre escrita especular, marca registrada de seus escritos científicos, seria uma invenção para poder ler e escrever simultaneamente – e sem sujar o papel. Muitas das mensagens "ocultas" e as teorias científicas mais inovadoras do mestre do Renascimento tiveram de ser decifradas em seus escritos invertidos.
Um único registro, no entanto, feito aos 17 anos – o desenho Il paesaggio (abaixo), que a Galeria degli Uffizi de Florença alega ser sua primeira obra – seria a prova de que, ao menos "socialmente", da Vinci costumava escrever "normalmente" e com a mão direita.

Para comprovar que Van Gogh era canhoto, o historiador da arte Sven Hendriksen fez uma pesquisa digna de polícia científica. Sua tese: alguns autorretratos em que Van Gogh aparece segurando o pincel com a mão direita foram pintados diante de um espelho. Os indícios: um detalhado estudo de objetos e roupas do século XIX, como a jaqueta usada no "Autorretrato diante de um cavalete", de 1888.
Os botões, Hendriksen descobriu, sempre eram fechados pelo lado esquerdo. Assim, a mão que segura o pincel seria, na verdade, a esquerda refletida.

O mesmo com Velázquez, cujos quadros apresentariam anomalias típicas da pintura com o uso de espelhos. Segundo historiadores da arte, seria o caso de "As meninas", obra que, pela posição dos elementos e personagens – entre eles o próprio pintor –, seria impossível de ser realizada sem um complexo conjunto de espelhos. Sendo assim, a mão que segura o pincel seria, efetivamente, a esquerda.

Às vezes, a pista principal é a direção das pinceladas. Ou, inclusive, episódios "ocultos" ou esquecidos da biografia do artista. É o caso de Anita Malfatti, uma das figuras mais destacadas do modernismo brasileiro e latino-americano. Ainda pequena, sofreu um acidente que imobilizou sua mão direita. Teve, assim, que desenvolver a canhota, que sempre escondia por vergonha.
Estudiosos da arte analisaram suas pinceladas e, após encontrarem as provas de seu acidente, concluíram que o traço único, peculiar, de seus retratos nasce precisamente do fato de serem feitos com a mão esquerda.

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