Conheça a primeira graphic novel de Isadora Zeferino

A ilustradora Isadora Zeferino fala sobre Mismatched, seu novo projeto, e os desafios de se aventurar por novos caminhos na carreira

Entrevistamos Isadora Zeferino (@imzeferino) sobre seu novo projeto, Mismatched, graphic novel criada em parceria com Anne Camlin e lançamento previsto para 2023 pela editora Little Brown. A história é uma releitura queer do clássico Emma de Jane Austen. Isadora fala sobre como surgiu a ideia do livro, seu processo criativo e os desafios de um projeto tão longo. Confira:

Como surgiu a ideia desse graphic novel?

Mismatched na verdade é um trabalho conjunto! Eu tenho uma co-autora (Anne Camlin) que foi quem escreveu todo o roteiro e script da história... Nós nos conhecemos em 2016 via Twitter e desde então acabamos nos esbarrando em convenções de quadrinhos nos Estados Unidos por termos amigos em comum!



Eu e a Anne decidimos trabalhar nessa história juntas por uma super coincidência! Ela fez um tweet sobre estar procurando um artista pra uma graphic novel sci-fi (eu amo sci-fi, haha) e eu acabei respondendo apesar de ter certeza que era um tema meio complicado de desenhar pra ser minha primeira experiência!

Quando a Anne me respondeu, ela disse que não sabia se meu traço ia combinar com aquela proposta, mas que ela tinha um projeto pessoal guardado com o qual eu tinha tudo a ver!



Foi amor a primeira vista quando eu li a história! Sou igualmente apaixonada por histórias clássicas e como recortá-las pros tempos de hoje, então me sinto muito sortuda!

Como tem sido o processo criativo?




É muito engraçado lidar com personagens “seus” depois de muito tempo trabalhando somente com fanart e personagens de outras pessoas. Eles de alguma maneira são mais difíceis de lidar ao mesmo tempo que são mais especiais por causa disso. Como não sou a única autora, fico muito preocupada de estar trazendo a visão da Anne pro papel também, então nosso diálogo é muito importante! Me ajudando sempre a ter menos peso somente nos meus ombros.



Além disso, você sempre fica meio enviesado no seu amor por cada um dos participantes da história. Você ama eles antes do trabalho estar finalizado e durante o processo tem que se preocupar em passar esse amor de alguma maneira enquanto conta o que (se tudo der certo) vai virar uma ótima história!



Como estou fazendo uma transição muito complexa de trabalho com ilustração para quadrinhos, ainda tem muita coisa que estou aprendendo e batendo de cabeça. Dentro das artes visuais tem algumas regras que se mantém, mas muitas que mudam completamente.


Tenho certeza que já já vou estar mais confortável, mas por enquanto correndo atrás do prejuízo de estar numa área nova, lendo livros, consumindo outras graphic novels, webcomics, quadrinhos e etc.

Quais ferramentas você usa para criar?


Eu troco muito entre a Cintiq e o iPad, cada um tem seus prós e contras! Como o iPad é um pouco mais portátil e acaba me deixando menos tensa, gosto de fazer alguns dos sketches de preparação nele! Enquanto isso, me sinto mais confortável pra pintar e arrumar as linhas finais das páginas na Cintiq.



Inicialmente, minha previsão era tentar sair um pouco de casa já que Mismatched vai ser meu trabalho principal pelos próximos dois anos... Então em tese eu estaria usando mais o iPad, mas com tudo que aconteceu por causa do Covid-19 esses planos já mudaram.


Como tem sido essa experiência para sua carreira?


Interessante, assustadora???? Acho que ainda tenho muita coisa pra passar emocionalmente até o livro estar pronto! Tenho algumas certezas sobre tudo isso, a primeira é que vão ter crises (antes mesmo de eu começar a trabalhar já tiveram várias!!!) justamente por ser um projeto diferente de tudo que já fiz, com uma duração diferente de tudo que já fiz e um impacto também diferente de absolutamente tudo que já fiz.


Quando Mismatched estiver terminado, vai ser meu primeiro livro publicado tradicionalmente, o que significa que vai estar em todas as livrarias dos Estados Unidos! Que é o grande poder de estar publicando ele com a Little Brown, que é um imprint de uma das 5 maiores editoras do mundo.


É bastante pressão sim, mas tento lembrar sempre que são anos de trabalho e que nada disso caiu no meu colo. Tenho certeza que vou aprender muito e meu único objetivo é fazer o melhor que posso, pra independente dos resultados não haver arrependimentos! 


Quais os desafios de criar um graphic novel?

Acho que se você me perguntar daqui a um mês eu vou ter respostas diferentes, daqui a seis meses ou um ano, idem! É o projeto mais longo que eu já participei então prevejo que o foco vai ser uma grande coisa pra estar alerta. Até agora eu tinha um costume muito grande em trabalhar em várias coisas diferentes e estar sempre no gás pra fazer cada uma delas! 


Mismatched veio com a certeza de ter um longo cronograma e estabilidade financeira enquanto eu trabalho nele, acho que é uma chance acima de tudo de afinar o meu processo de trabalho e tentar me cuidar bem enquanto não estou pulando de um lado pro outro.


Meus planos pro futuro envolvem muitas outras histórias, mas agora sinto e sei que estou somente nos primeiros passos! Espero que eu possa voltar logo pra contar sobre os desafios que eu encontrei e como contornei cada um deles.



Existe já uma data de lançamento e título oficial?


O título ainda não é 100% oficial, mas por enquanto a graphic novel se chama Mismatched (tradução livre talvez Mal-encaixados?) pra ser uma brincadeira de palavras com um dos defeitos da personagem Emma, do livro homônimo de Jane Austen!



O lançamento está previsto para o primeiro trimestre de 2023!

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