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O que é design de interiores?

Conversamos com Patricia Bustos, designer madrilenha, que nos explicou o que é o design de interiores
Empreendedora, apaixonada e criativa, Patricia Bustos (@patricia_bustos) combina sua faceta artística com a empresarial para atuar nas áreas de design de moda, arte e decoração. É pintora e designer de mobília por vocação, mas antes de tudo se considera designer de interiores.
Patricia foi a ganhadora do prêmio de "Melhor Projeto" Casa Decor 2018 por sua maneira de entender o ambiente, dando atenção ao humor e aos gostos pessoais, características que a tornam capaz de tornar único cada espaço que idealiza.
Conversamos com ela para sanar dúvidas sobre o design de interiores: o que é, quais são alguns exemplos, e quais são as diferenças para a decoração e a arquitetura.

O que é o design de interiores?
Para mim, projetar um espaço significa definir como será a experiência de uma pessoa em seu interior, o qual condicionará sua vida e, claro, seu humor. O design de interiores é o projeto que define como será um espaço a nível funcional, estético e sensorial. Deve responder às necessidades básicas, culturais e de estilo de vida de seus habitantes.
Como vivemos o espaço é o que pode trazer criatividade, felicidade e, em último caso, bem-estar para a pessoa. É uma área tão importante que a ajuda profissional é sempre necessária para que o projeto esteja pensado e executado de maneira consciente e cuidando de todos os detalhes: acústica, ambiente, orientação, harmonia cromática, tudo deve ser levado em conta para que o espaço funcione e o projeto seja completo.

Qual é a diferença entre design de interiores, decoração e arquitetura?
Design de interiores é uma disciplina técnica, na qual um designer necessita formação profissional e na qual se desenvolve o projeto desde um punto de vista global e mais conceitual. Nele se definem todos os detalhes e se leva em conta todos os elementos como paredes verticais e horizontais, instalações, estudo de luz etc.
A arquitetura abriga o design de interiores, mas esteticamente se concentra mais na parte externa do edifício, relacionada à estrutura; é considerada uma arte porque desenha a paisagem das cidades. A natureza é a beleza por excelência, mas nas cidades a natureza virgem não existe, perdeu importância, de modo que o design das cidades através de seus edifícios é o que condiciona a beleza dessa paisagem. E a decoração é a parte de elementos como móveis e ornamentos.


Onde pode ser aplicada a principal função do design de interiores?
Em todos os espaços que venham a ser habitados. É necessário projetar espaços com propósito (comer, fazer exercícios, relaxar), cuidando de cada detalhe de forma consciente. É diferente um espaço para comer de um para relaxar ou outro que favoreça as interações sociais. Para isso nos apoiamos em quatro ferramentas-chave:
Acústica: ambiente acústico alinhado ao estilo de vida e ao tipo de atividades que queremos favorecer. Uma biblioteca e o lobby de um hotel são coisas distintas.
Iluminação: chave para influenciar o humor e conseguir nosso objetivo ou propósito.
Cor: atua sobre as emoções e é capaz de predispor a pessoa. Azul, verde e roxo são cores relaxantes e convidam à reflexão; amarelo, vermelho e fúcsia transmitem energia e otimismo; bege e branco são usados para concentração, pureza e simplicidade; e rosa transmite inocência, confiança e otimismo.
Ambiente ou orientação: qual é a visão desde cada área.

Que formas o design de interiores pode adotar?
Em função da energia e da atitude do espaço teremos diferentes estilos. Desde os mais sóbrios ou calmos, como o nórdico, o clássico, o mid century, o moderno ou o minimalista; até os mais complexos e característicos como Art Déco, o eclético, o kitsch e o vintage.
Em um mundo onde a tecnologia tem conseguido que muitas máquinas façam o trabalho humano, é muito importante incentivar o componente criativo das pessoas, é o que nos diferencia como humanos e nos faz melhores. Por isso, sempre costumo criar interiores impactantes que não deixam ninguém indiferente, onde a criatividade flui.
Neste sentido é importante promover a beleza e erradicar a desordem; espaços harmônicos, equilibrados e com ordem mas não demasiado estéreis, favorecem um estado de humor positivo e uma predisposição para a criação. Também optar por peças de arte que comovam é um recurso importante para mim.

Que ferramentas são necessárias para um projeto de design de interiores?
Para isso, primeiro é necessário ter um briefing por parte do cliente no qual nos conte parte de seus gostos e necessidades. Depois é realizada uma pesquisa de informação e imagens de referência para definir estilo, formas, gama cromática etc. Uma vez aí, é necessário dispor de alguma forma de representação visual (desenhando à mão ou de forma digital) para capturar o conceito e fazer o cliente entendê-lo. Junto, anexamos amostras de materiais e tecidos.
É necessário levar em consideração a distribuição na planta, mas também em elevação. Como não vivemos em 2D, uma abordagem da planta nos ajudará a entender o arranjo dos elementos e a construir o espaço em altura para que tudo tenha harmonia; os volumes precisam estar compensados e o espaço não pode ficar saturado, os elementos precisam respirar para que a energia flua e as diferentes peças assumam o protagonismo. Programas como 3D Max nos ajudam muito a ver como o espaço funciona nesse sentido.


Qual é o primeiro exemplo de design de interiores que se conhece?
Como projeto integral e completo, diria que o Palácio de Versalhes.
Qual é o seu exemplo favorito de design de interiores?
Não sei se é o meu favorito, mas gosto muito como César Manrique trabalhava os espaços, me fascina como integrava a natureza e os móveis dentro dos espaços sem mudar sua essência, mas ressaltando sua beleza. Outras designers que admiro e que para mim são referências são: Kelly Wearstler, India Mahdavi, Chahan Minassian, Dimore Studio, Apparatus ou Masquespacio, todas contemporâneas.


Quem pode fazer design de interiores?
É algo inato, é uma qualidade de proporções e sentido estético que algumas pessoas temos mais desenvolvidas que outras, mas é importantíssimo se formar e ter uma atitude curiosa para continuar aprendendo sempre. A experiência vai dando as chaves, sem nenhuma dúvida.
Para onde você acha que o design de interiores está indo?
Eu acho que os espaços devem ser cada vez mais sustentáveis e facilitar o cuidado da pessoa. Existe uma tendência de bem-estar muito importante em todas os âmbitos da cultura moderna e isso pesará muito ao projetar. Também acredito que os interiores estão se tornando cada vez mais essenciais e minimalistas, há uma tendência natural ao desapego e isso favorece o fato de termos menos peças, porém melhor escolhidas.


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