Já vi o por do sol as 22:30 horas em Finisterre, o aplaudi em São Thomé das Letras e o vi nascer a quilômetros de qualquer viva alma no topo do pico da bandeira onde chorei em gargalhadas feito louco uivando pro mar de nuvens que cobria a enorme ausência de qualquer pessoa.
Já vaguei perdido com uma garrafa de vinho na mão pelas praias de Tenerife sem saber ao certo o rumo de casa.
Já fui a Florença com uma grande amiga sem saber aonde estava indo.
Já me perdi em Pisa.
Já fui enganado em Amsterdam e tentaram me roubar em Cartagena e paris.
Já corri na chuva atrás de táxi em Bogotá, quase perdendo o avião.
Já curei bolhas do pé em minha mãe enquanto andava pela Espanha.
Já fui de carro a Bahia.
Já ouvi um concerto de música clássica dentro do castelo de praga.
Já toquei gaita acampado no topo do morro da baleia na chapada dos veadeiros e na Serra do Cipó. Já pesquei com meu filho em Moeda.
Já escalei assistido por minha filha, em Lagoa Santa.
Já andei de caiaque na lagoa de Furnas e no Paranoá.
Já mergulhei nas águas geladas das cachoeiras do Caraça.
Já tive as orelhas queimadas pelo vento frio no Cebreiro e o nariz nas ilhas ballestas.
Já nadei em uma ilha caribe e joguei futebol a 3900 metros de altitude.
Já escalei em lugares selvagens e subi em picos gelados.
Já dormi no topo de cachoeiras inexploradas apenas com um saco de dormir sob o protesto de revoadas de andorinhas que dominavam o local, sendo acordado no meio da noite por uma lua que surgiu tão luminosa quanto o sol.
Andei a esmo no salar de uyuni e morri de frio olhando o céu mais estrelado que já vi no deserto.
Já comi salsicha no centro de La paz, churrasquinho aos pés de Machu Picchu, sobá em Campo Grande, pulmão de vaca em Bogotá e ceviche em lima, tudo de barracas de rua que eu adoro.
Já tomei café da manhã gratuito para peregrinos em Santiago de Compostela.
Já vi discos voadores enquanto acampava em Corguinho.
Já ajudei a descarregar tijolos em troca de carona em um caminhão em Tabuleiro.
Já deitei de madrugada na beira do lago em lapinha da serra pra ver o ceu.
Já pedi um grande amor em casamento ajoelhado em uma noite fria no topo da torre Eiffel.
Já descobri cachoeiras.
Já fui infestado por carrapatos.
Já participei de uma missa gregoriana em uma igreja semisubterranea em Vega de Valcarce, já dormi em conventos milenares e tetos de antigas igrejas.
Já tive um banheiro ao céu aberto onde a vista era o topo do monte Roraima, já atravessei a Venezuela e quase não consegui voltar de Isla Margarita.
Já comi as mais estranhas e deliciosas entranhas preparadas em um típico churrasco argentino em buenos aires e os tradicionais calzotes catalões em um aniversário nas montanhas mágicas que cercam barcelona e escondem antigas igrejas e mosteiros, onde também andei a noite em campos de bruxas e coletei aspargos selvagens em campos de alecrim.
Já enfrentei chuva forte ao desembarcar em Cabo Polônio e ouvi blues em Punta del Diablo.
Já atravessei 200 km em praias desertas tomando águas insalubres.
Já dormi em faróis abandonados e outro onde o guarda mantinha uma luta diária inglória de vencer a areia que tomava todo o lugar.
Já fui na casa do Salvador dali, Kafka, Gabriel Garcia Marquez e torquemada, só que eles não estavam lá.
Já pintei quadros, escrevi um livro e inventei uma música. Fiz poemas tão medíocres quanto doloridos sobre amores impossíveis, mesmo odiando poesia.
E olha que estou só começando.
Iconoclasta, determinista, de beira de copo e fundo de cinzeiro, dono de um mundo de um eu só, mas inteiro.
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