Arquitetura e espaços

O que é o design de espaços efêmeros e quais suas funções?

Descubra o papel do design efêmero ao longo da história, as construções mais famosas e sua aplicação atual

O requisito básico da arquitetura foi e continua sendo criar obras duradouras. Em algumas ocasiões, no entanto, os arquitetos podem seguir a premissa totalmente oposta e conceber construções destinadas a desaparecer em um determinado tempo.

Diz-se que hoje vivemos em uma sociedade efêmera, na qual as coisas não são feitas para durar. Isso, segundo o designer efêmero Luca Hugo Brucculeri (@lucahugobrucculeri), não precisa ser necessariamente algo ruim, pois a efemeridade de um projeto pode trazer ousadia e inovação.

Na verdade, muitos dos monumentos mais admirados atualmente foram criados para serem efêmeros e, em seguida, por conta da beleza, ruptura e relevância cultural, acabaram permanecendo em nossas paisagens.

Pavilhão Serpentine 2015, projetado por selgascano. Foto © Iwan Baan
Pavilhão Serpentine 2015, projetado por selgascano. Foto © Iwan Baan

Neste post, contamos o que é o design efêmero, quais os projetos mais famosos e sua aplicação atual.

Características de espaços efêmeros

Segundo o especialista, estas são as principais características dos espaços efêmeros:

- São projetados para serem temporários, por isso, seus materiais são baratos e removíveis.

- Transmitem magnitude e espetacularidade.

- Oferecem inovação.

- Sua condição temporária permite maior ousadia.

- Têm potencial de ganhar relevância cultural e popularidade.

- Quando isso acontece, deixam de ser efêmeros e passam a ser permanentes.

A Torre Eiffel é um dos espaços efêmeros mais duradouros
A Torre Eiffel é um dos espaços efêmeros mais duradouros

Origem do design efêmero

Desde o princípio, as construções efêmeras fizeram parte do planejamento de festejos e celebrações de acontecimentos excepcionais e, por esse motivo, carregam de simbolismo e espetacularidade o espaço que ocupam.

Esse tipo de projeto começou com os egípcios. Ptolomeu II é um texto antigo que descreve o projeto de criação de um pavilhão provisório para um banquete espetacular. Mais tarde, na Roma Antiga, havia uma tradição semelhante, onde a construção efêmera funcionava para organizar cerimônias públicas e celebrações de vitórias militares. Para acompanhar cada vitória obtida, erguiam-se arcos do triunfo.

Na Idade Média, a tradição de erigir arcos também foi mantida, mas com a finalidade de receber os monarcas que visitavam as principais cidades europeias.

Os arcos do triunfo são designs efêmeros
Os arcos do triunfo são designs efêmeros

Primeiro apogeu do design efêmero

A arquitetura efêmera teve um de seus melhores momentos durante o Renascimento, quando, cada vez que os reis chegavam a novas cidades, estas passavam por uma intervenção completa. Na ocasião, era comum a construção de fachadas muito altas em madeira, gesso, tijolo e adobe, depois enfeitadas por esculturas e flores. Naquela época, tudo se destinava a apresentar uma aparência de grande riqueza e cor e, para isso, tecidos suntuosos, coloridos e brocados eram pendurados nas fachadas dos edifícios.

Com o passar do tempo, as instalações efêmeras perderam a solenidade militar para dar lugar a uma abordagem ligeiramente mais religiosa, fortalecida, sobretudo, durante o período Barroco. Neste momento, os arcos já não marcavam apenas a chegada de reis, mas também a proclamação de novos soberanos, o casamento dos monarcas e o nascimento dos príncipes. A inauguração de templos e capelas e outras cerimônias religiosas também eram celebradas desta forma.

Devido ao caráter transitório e fugaz do momento, os materiais selecionados eram de baixo custo. As fachadas, que sobrepunham-se às construções convencionais, geravam alvoroço nas cidades da época. As construções costumavam ser conduzidas por um arquiteto de destaque da corte. Um dos mais conhecidos foi Gian Lorenzo Bernini que, além de arquiteto, era escultor, pintor e cenógrafo.

Ilustração de uma cidade renascentista repleta de designs efêmeros durante uma celebração
Ilustração de uma cidade renascentista repleta de designs efêmeros durante uma celebração

Os projetos não eram criados apenas para espaços públicos. Às vezes, um arquiteto importante podia ser contratado para decorar um banquete de apenas uma noite. Com a responsabilidade de que a mesa impressionasse o convidado, adicionavam esculturas, palmeiras e flores.

Segunda era de ouro do design efêmero

A segunda época de ouro da disciplina viria durante a primeira década do século XX. A industrialização e a ascensão da burguesia aliadas ao progresso técnico-científico proporcionaram, mais uma vez, o cenário ideal para este tipo de manifestações espetaculares.

O auge da comunicação, a proliferação de jornais e revistas, a invenção da fotografia e, posteriormente, do cinema, permitiram, pela primeira vez, uma grande difusão desse tipo de projeto para muito além de suas cidades. O pretexto para a construção já não era, exclusivamente, receber um monarca ou uma festa religiosa, mas ganhar relevância, inclusive comercial.

A Torre Eiffel foi criada para promover um evento chamado Feira Mundial
A Torre Eiffel foi criada para promover um evento chamado Feira Mundial

Arte nem tão efêmera

As feiras mundiais, que começaram em 1800, foram a desculpa perfeita para arquitetos e engenheiros se expressarem. Graças a estes eventos, concebidos como uma grande vitrine pública para divulgar os avanços da indústria, do comércio e das artes, foram realizados alguns dos espaços efêmeros mais conhecidos e simbólicos.

É o caso do Crystal Palace, projetado pelo arquiteto Joseph Paxton e construído em Londres, em 1851. A construção, que começou como algo temporário, acabou se tornando um símbolo da arquitetura da Revolução Industrial por empregar materiais então inovadores e de forma inusitada.

Para a Feira Mundial de Paris, em 1889, foi construída a Torre Eiffel. Como todas as construções efêmeras, a intenção era primeiro deslumbrar o público, mas desmontá-la ao fim do evento. Embora muitos de seus detratores quisessem que ela desaparecesse por conta da inovação desmedida de suas formas, a grande aceitação do projeto salvou a estrutura de ser derrubada.

Crystal Palace retratado no ano em que foi construído
Crystal Palace retratado no ano em que foi construído

Design efêmero hoje

Atualmente, a arte do design efêmero também pode ser encontrada em pequenos espaços. Designers efêmeros aplicam suas ideias principalmente em:

- Vitrines
- Cenários
- Experiências sensoriais
- Instalações artísticas ou comerciais

Um exemplo disso é o trabalho de esculturas em papel realizado pela artista britânica Lisa Lloyd.

Ao trabalhar, os designers sabem que suas obras efêmeras precisam cumprir certas funções como:

- Entender a necessidade de um cliente.
- Refletir seus valores.
- Contar uma história.
- Despertar emoções.

Galería Serpentine 2013, projetada por Sou Fujimoto. Foto © Sou Fujimo
Galería Serpentine 2013, projetada por Sou Fujimoto. Foto © Sou Fujimo

Se quiser aprender mais sobre esta área criativa, inscreva-se no curso do designer Lucca Hugo Bruccureli, Introdução ao design de espaços efêmeros. Nele, o especialista, que trabalhou para empresas como Hermès, Seiko e Rabat, ensinará como criar obras de beleza impactante que podem ser apreciadas somente por um curto período.

Versão em português de @ntams.

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