O que é economia circular e como aplicá-la ao design gráfico?
Descubra como o design gráfico pode ajudar uma marca a passar da economia linear para a economia circular
O paradigma atual do modelo econômico linear pode estar chegando ao fim. Isso mesmo garantem especialistas como a diretora criativa e designer gráfica Núria Vila Punzano (@nuriavilapunzano), que nos ajuda a entender o que significa exatamente a economia circular e como o design gráfico pode ajudar uma marca a entrar no conceito.
A economia circular é uma estratégia que visa reduzir tanto a entrada de materiais quanto a produção de resíduos virgens. Através da economia linear, o que fizemos até agora foi extrair, criar e jogar fora, e o que a economia circular propõe é criar, usar, reciclar.

É um ciclo em que tudo o que entra obedece a uma circularidade, ou seja, volta a entrar na cadeia e não se torna um desperdício. O upcycling é outra expressão dessa tendência.
Um livro para referência
Para entender melhor a economia circular você pode consultar um livro que Núria aponta como referência: Cradle to Cradle, de Michael Braungart e William McDonough.

O mote deste livro é “redesenhando a forma como fazemos as coisas” e aborda o universo do design e dos produtos. Este livro procura mudar o paradigma que propõe “do berço ao túmulo” para o “do berço ao berço”. A ideia é que, se as coisas puderem ser feitas com materiais biodegradáveis, sempre voltarão para a terra, quando possível, de forma atóxica, ou serão reutilizadas sem a necessidade de virar lixo poluente.
Em suma, trata-se de encontrar a maneira pela qual, se algo não pode ser degradado, pelo menos possa ser usado para fazer outras coisas. Também tem a ver com facilitar a vida dos usuários para que eles possam reciclar e reutilizar o que seria lixo.

Um exemplo inspirador
Para explicar melhor o conceito, em seu curso na Domestika, Núria Vila ilustra cada um dos conceitos de economia circular com o exemplo de um trabalho que fez para um de seus clientes.
SlowMov são torradores de café de Barcelona. Eles têm uma pequena cafeteria de degustação, mas sua principal venda são os grãos de café em embalagens. A marca pediu a Núria para os ajudar a tornarem-se mais circulares.
A título de exemplo, Núria revela algumas formas como foram resolvendo desafios que lhes foram apresentados. A ideia de uma embalagem sustentável foi resolvida com o uso de um material que se decompõe em 200 dias ao entrar em contato com uma bactéria.

A isso, acrescentaram a decisão de criar a tinta para imprimir as embalagens com os restos dos grãos de café, ou seja, com os resíduos que costumam gerar. Além disso, buscaram uma maneira de colocar eles próprios os rótulos necessários para não desperdiçar estoques ou excesso de energia e decidiram começar a usar adesivos de papel ecológico com colas sem solventes.

Para gerar menos resíduos, decidiram começar a vender a granel e recorrer a etiquetas de um tipo especial de papel, feito a partir de resíduos de vidro e marcadas com matriz manual para que possam fazer eles mesmos impressões em relevo mais bonitas.
A tenacidade com que a marca buscou materiais biodegradáveis e compostáveis e passou a criar suas próprias tintas vegetais, também serviu de imagem para a marca. Sua exploração conceitual e engajamento acabou ajudando-os a crescer e atrair mais clientes.

No curso Introdução ao design gráfico sustentável, Núria dá mais exemplos, como o trabalho com a marca de fitocosméticos Montseny. Se você está interessado em continuar a entender como seu trabalho de design pode mudar o mundo, não hesite em dar uma olhada.
Versão em português de @sergiofelizardo.
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