Curious Minds Podcast: por que os remendos estão ganhando visibilidade?

Descubra como a tendência do visible mending transforma furos de traça em desafios criativos, com Curious Minds, um podcast original da Domestika

Curious Minds é um podcast original da Domestika, em inglês, que explora curiosidades e histórias desconhecidas do mundo criativo.

A cada semana, lançaremos um episódio inédito com entrevistas de especialistas e criativos e mergulharemos nas origens incomuns de imagens, padrões e designs sobre os quais não costumamos parar para pensar.

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Existem algumas certezas na vida. A morte e os impostos são duas delas, mas há outra sobre a qual raramente falamos. Não importa quem você seja, uma coisa é inevitável: em algum momento suas roupas terão furos ou manchas.

Tradicionalmente, ninguém queria exibir estas avarias. Fazíamos o possível para escondê-las. Na última década, no entanto, um novo movimento chamado visible mending (remendo visível) inverteu essa lógica.

Mas, por que se preocupar em consertar uma roupa, quando muitas vezes é mais fácil e barato comprar uma nova? E por que tornar o reparo tão chamativo?

No nono episódio de Curious Minds, entrevistamos a designer têxtil e autora de Visible Mending, Arounna Khounnoraj, e Kate Sekules, autora de Mend!: A Refashioning Manual and Manifesto para entender o que desencadeou este novo movimento. Além disso, a especialista em upcycling e crochê Emma Friedlander-Collins (também conhecida como @steelandstitch) fala sobre como fazer remendos pode ser uma forma de canalizar a criatividade e o professor de sashiko Atsushi Futatsuya, da Upcycle Stitches, explica como essa técnica de costura japonesa representa muito mais do que apenas pontos no tecido.

Você pode fazer o download da transcrição deste episódio no final do texto.

“Alguém, em algum momento, terá um furo na roupa e terá que decidir se fica com ela, conserta, joga fora ou a recicla", diz Khounnoraj.

A escolha de consertar nossas roupas, ao invés de jogá-las fora, sempre existiu. Mas, até pouco tempo, as pessoas não tinham orgulho em contornar manchas de graxa em camisetas com pontos brilhantes ou chamar atenção paras furos e rasgos através de retalhos e remendos contrastantes.

Se você acha que soa um pouco exagerado dizer que o visible mending é um conceito inovador, é importante entender a grande mudança criativa que representa.

“O visible mending tem menos a ver com cobrir furos e muito mais com um desafio de design. Os remendos visíveis são seus, são como sua caligrafia", diz Sekules. “Na maioria das vezes, não há motivo para ficarem invisíveis. É muito mais difícil. Para ser honesta, o visible mending exige muito mais habilidade."

Tradicionalmente, não se trata de uma demonstração de criatividade. O invisible mending tem sido parte do trabalho doméstico, muitas vezes despercebido, realizado pelas mulheres.

Esta característica se mostra verdadeira em certas formas tradicionais, embora não completamente invisíveis, de remendo. O sashiko é uma forma de costura manual japonesa reconhecível pelos padrões gráficos e geométricos, geralmente realizados com linha branca em índigo tingido. Embora sua beleza a torne popular entre os atuais adeptos do mending, a técnica foi menosprezada por séculos.

“O sashiko nasceu da necessidade”, diz Futatsuya. Embora esteja feliz em ver o sashiko deixar as sombras e alcançar mais pessoas, ele pondera: “Quero ter certeza de que mostramos a imagem completa, não apenas a parte conveniente do sashiko. É um sinal da pobreza, [as pessoas sentiam] vergonha de ter essas roupas remendadas."

A vergonha em torno da pobreza e dos remendos não é exclusividade japonesa. Assim como as compras em brechós costumavam ter uma reputação duvidosa e agora são vistas como descoladas, o ato de remendar as próprias roupas passa por uma transformação parecida. Ainda há, no entanto, camadas da sociedade que enfrentam um estigma por usar roupas visivelmente remendadas, o que significa que o visible mending ainda tem um longo caminho pela frente até ser acessível para todos.

Num nível prático, porém, por utilizar retalhos de tecido, fios e linhas, em comparação a outros passatempos artesanais, é mais fácil de ser praticado, pois não requer um investimento inicial. “Não importa se você começa mal. Você começa assim porque provavelmente nunca fez isso antes. Mas, literalmente, são habilidades que todo mundo utiliza há milhares de anos”, diz Friedlander-Collins, que se sente encorajada ao ver, "habilidades manuais como consertar e costurar tendo um grande renascimento atualmente. Acredito que isto seja realmente sustentável."

Para descobrir como a sustentabilidade deu forma ao movimento do visible mending, como, em um mundo que preza pela produção em massa, remendar oferece uma relação mais pessoal com nosso guarda-roupa e como a técnica é uma maneira excelente de ganhar confiança como artesão, confira o episódio no Spotify, Apple Podcasts ou outro aplicativo de sua preferência.

Clique no botão abaixo para fazer o download da transcrição (em inglês) deste episódio. Você encontrará um arquivo em formato .pdf na pasta Downloads do seu computador.

Se quiser ler mais histórias sobre as imagens, os padrões e os designs que fazem parte do nosso dia a dia, não perca outros posts do Curious Minds, um podcast original da Domestika.

Versão em português de @ntams.

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