9 cineastas lusófonas com um olhar único que você precisa conhecer

Descubra estas talentosas realizadoras de Brasil, Portugal, Angola, Moçambique e Cabo Verde
Pela primeira vez nos seus 92 anos de história, os prêmios cinematográficos mais famosos do mundo terão duas mulheres - Chloé Zhao, por Nomadland, e Emerald Fennell, por Bela vingança - concorrendo à estatueta de melhor direção.
O óbvio problema com toda essa demora, porém, não é exclusivamente do Oscar. É o mercado audiovisual em geral que deve ainda muito mais espaço e reconhecimento às mulheres, donas de um olhar próprio, muitas histórias que contar e escasso acesso aos postos de comando nas produções.

No mundo lusófono não é diferente. Para cada Anna Muylaert, Laís Bodansky e Adélia Sampaio (primeira negra a dirigir um longa no Brasil), ou por trás de cada Kathryn Bigelow (americana, primeira a ganhar um Oscar de melhor direção), Sofia Coppola, Lucrecia Martel e Bárbara Sampaio (pioneira do cinema português), há um exército invisível de muitas outras – e, também, um sem-número de iniciativas que buscam jogar luz sobre elas, como o Festival de Santos, no Brasil, dedicado a produções e direções femininas e cuja sétima edição termina no dia 23 de Março de 2021.
Reunimos nove talentosas realizadoras de Brasil, Portugal, Angola, Moçambique e Cabo Verde que, com maior ou menor tempo de estrada, vêm fazendo barulho, colhendo prêmios e reconhecimento e inspirando outras que virão depois delas.
Caru Alves de Souza
Filha de dois importantes cineastas brasileiros, Tatá Amaral e Francisco César Filho, esta roteirista, diretora e produtora tem uma relação verdadeiramente vital com a sétima arte.

"Meus pais são cinéfilos, cresci em salas de cinema", diz Caru, de 41 anos, vencedora do prêmio de melhor filme na mostra Generation 14Plus do Festival de Berlim 2020, por Meu nome é Bagdá, e diretora e produtora de nove outras obras, entre curtas, longas e produções para a TV.
Reveja uma exclusiva entrevista em vídeo dela para a Domestika, publicada em 2020, após o anúncio do prêmio em Berlim.
Viviane Ferreira
Foi a segunda negra a dirigir um longa-metragem no Brasil, Um dia com Jerusa. O fato de o filme ter saído apenas em 2020 diz mais do que mil palavras sobre o acesso de mulheres (principalmente não brancas) à direção de produtos audiovisuais no país.

Aos 36 anos, esta baiana de Salvador é fundadora da produtora Odun Filmes e tem ainda no currículo diversos curtas documentários e ficcionais.
Viviane conta também com uma participação no festival de Cannes, na França, com a versão original em curta-metragem de O dia de Jerusa, de 2014, que você pode assistir acima.
Sabrina Fidalgo
Cineasta, roteirista, atriz e produtora, é natural do Rio e, aos 41 anos, já produziu diversos curtas, entre eles o premiado Rainha (assista abaixo), além de documentários e do média-metragem Rio Encantado.

Sua produção já foi selecionada e exibida em mais de 300 festivais mundo afora.
Sabrina foi ainda incluída em oitavo lugar na lista das 36 cineastas femininas ao redor do planeta que estão fazendo a diferença, elaborada pela revista americana Bustle.
Cláudia Varejão
Nascida no Porto, Portugal, aos 41 anos Cláudia Varejão é a autora da premiada trilogia Fim-de-semana/Um dia frio/Luz da Manhã.

Seu primeiro longa-metragem, No escuro do cinema descalço os sapatos, venceu o prêmio de melhor documentário no festival InShadow. Em 2016, lançou seu segundo longa, o também documentário Ama-San 海女さん.
Além de atuar como cineasta, Varejão desenvolve uma prolífica e premiada carreira como fotógrafa.
Ana Rocha de Sousa
Esta atriz lisboeta de 42 anos fez fama na interpretação antes de saltar à direção. Em 2020, estreou seu primeiro longa-metragem, Listen, um impactante drama inspirado numa história real sobre uma família portuguesa que vive em Londres e perde a guarda dos filhos por suspeita de maus-tratos.

Festejado quase unanimemente pela crítica mundial, rendeu à diretora 18 prêmios, além de 14 indicações, em festivais como o de Veneza (melhor diretora na mostra Arca CinemaGiovani, melhor diretora estreante, melhor filme em língua estrangeira e prêmio especial do júri na seção Horizontes), CinEuphoria e Coimbra.
"Existem sempre momentos em que podemos estar sozinhos em casa a pensar ‘eu podia fazer tanta coisa, se calhar não vou conseguir’. O importante é não desistir. Eu estive para desistir, mas não desistam, independentemente de quais forem as adversidades”, ela disse ao receber os prêmios em Veneza.
Pocas Pascoal
Nascida em Luanda há 57 anos, é uma veterana do cinema angolano, premiadíssima de Cartago (Tunísia) a Los Angeles (Estados Unidos), de Khouribga (Marrocos) a Adis Abeba (Etiópia), por seus longas-metragens de forte cunho pessoal e poderosas imagens.

É frequentemente considerada a primeira cineasta do seu país e autora do premiado Alda e Maria - Por Aqui Tudo Bem, de 2011.
Seu último longa, Girlie, uma produção luso-cabo-verdiana, evoca, de alguma maneira, a sensação de deslocamento que ela própria sentiu ao ser uma imigrante africana em Lisboa.
Maria João Ganga
Cineasta e assistente de direção com ampla experiência em Angola, é natural de Huambo.

Seu longa-metragem Na Cidade Vazia, sobre as consequências da longa e cruenta guerra civil no seu país, foi premiado em diversos festivais, como os de Milão, Paris e Montreal.
Aos 57 anos, se dedica a escrever peças de teatro e é a proprietária e diretora da Casa das Artes, em Luanda, um espaço para diversas manifestações artísticas.
Isabel Noronha
Uma das mais importantes realizadoras de Moçambique, Isabel Noronha tem 57 anos e coleciona prêmios em festivais pelo mundo, do Brasil a Uganda.

Desde seus primeiros documentários, Hosi Katekisa Moçambique e Manjacaze, ao mais recente, Sonhámos um país, codirigido com Camilo de Sousa e lançado em 2019, acumulou um sem-número de produções.
Muitas dos trabalhos de Isabel são dedicados a debater os horrores da guerra e do abismo social em seu país.
Samira Vera-Cruz
Nascida em Mindelo há 30 anos, Samira é filha de pais angolanos e cabo-verdianos e conta com uma carreira ainda curta, mas prolífica.

Esta jovem realizadora emendou, desde 2016, a produção do seu primeiro curta, Buska Santu, inspirado em Ladrões de Bicicleta, de Visconti; o documentário Hora di Bai, sobre tradições religiosas e a relação com a morte na ilha de Santiago, no arquipélago de Cabo Verde; e seu primeiro longa, Sukuru, feito por sua própria produtora, Parallax Produções.
Com residências artísticas em lugares como Marrocos e África do Sul e prêmios de incentivo do Instituto Goethe, entre outros, é considerada uma grande promessa do cinema lusófono contemporâneo.
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1 comentário
gabrielfvf1997
Me fez conhecer mais sobre nossa lusofonia no cinema. Muito obrigado!