Ganhar ou perder?

Ganhar ou perder?

GANHAR OU PERDER?

Era um dia como os outros, ensolarado, um lindo céu azul e aquele sol delicioso quentinho aquecendo o corpo da brisa fria da manhã. Só faltava a Marta. Bruno estava estranho, agitado, andando de um lado para o outro. Devia estar com saudades da Marta também...
Uma corrente elétrica passou pelo corpo de Jade quando pensou na Marta. Não via a hora de estar no seu colo e ganhar cafuné...
Um carro parou no portão.
“É ela! É ela! É ela!” Jade pensou correndo para o portão, mas Marta estava diferente! Trazia um embrulho e andava encurvada e devagar! Parecia doente, mas a alegria de Jade era tão grande só ficava saltando em volta em volta de Marta!
Marta nem ofereceu um abraço e tampouco a chamou para perto. Só um:
_ Olá querida! É bom estar em casa!
Desde então ninguém mais ligava para ela. Cuidavam, mas não tinha mais chamego no colo, nem cafuné no sofá. Só queriam saber daquele bichinho de estranhos barulhos.
O tempo foi passando e a curiosidade aumentando, afinal Jade precisava chegar perto, saber por que todos que vinham em casa corriam logo para vê-lo. E por que estava sempre embrulhado? Certo dia percebeu que o colocaram na cama do casal então pensou: “É agora!”
Silenciosamente foi se aproximando da cama, percebia o movimento e os ruídos que agora já eram conhecidos. Ele estava acordado. Será que é bravo? Que medo?
Jade subiu na cama tremendo, foi se aproximando... Mais perto, mais perto e de repente um puxão na orelha! “AAAAAAIIIII!”
Doeu tanto que ela pulou da cama gritando! Todos correram para ver o que aconteceu e no quarto estavam os dois ele sobre a cama e ela encolhida num canto do quarto.
Aprendeu a lição. Melhor ficar longe, pois aquele ser era imprevisível e apesar de pequeno era bruto e forte.
A distância manteria Jade a salvo por algum tempo. Certo dia, no meio de um cochilo, percebeu um movimento diferente e foi ver. Ele estava andando pelo chão!
Naquele instante soube que não teria mais sossego.
Agora circulava por todo lado e Jade ficava de longe vigiando, quando vinha em sua direção, ela rapidamente saía para outro lugar. E assim se iniciou uma nova rotina. Fugir dele o tempo todo até que certa vez, observando-o de longe seu coração disparou.
A raiva tomou conta. Agora ele foi longe demais! Não dava mais para aguentar! Agora era guerra!
Encheu-se de coragem e partiu em sua direção! Se é briga que quer briga terá!
Estava disposta a tudo! Juntou todas as suas forças e correu em defesa de sua cama! Não bastava ter roubado os carinhos de Bruno e Marta? O sossego que ela nunca mais teve quando ele começou a circular pela casa?
A cama não! Tudo tem limite! Preparou-se para a luta e correu em defesa do seu cantinho!
Os dois chegaram e pularam na cama ao mesmo tempo e a disputa começou.
Puxão de orelha para cá, empurrão para lá...
E no meio de toda essa luta, Jade foi sentindo as pontas dos dedos macios. “Que delícia!”
Lembrou do carinho que recebia de Bruno, mas esse era até mais gostoso! Estava tão gostoso que parou de brigar pelo espaço e foi se aconchegando no colo e para sua surpresa o colo era ainda mais gostoso!
Aquelas coxas gordinhas e fofinhas! Aquele cheirinho suave e gostoso...
A luta?
Que luta?
Não tinha mais porquê lutar!
Ficaram ali, juntinhos, sem briga, sem empurrão, sem puxão de orelha, apenas um sentindo o calor do outro, um fazendo carinho no outro e na caminha de Jade ambos adormeceram.
Agora Jade a cachorrinha e Lívia, o bebê de Marta tornaram-se parceiros de soneca.
Os carinhos? Agora Jade ganhou mais alguém para lhe dar carinho...