Toré, Som Sagrado
Toré, Som Sagrado
por Igor Matias @imatias95
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Toré, Som Sagrado
Toré, Som Sagrado é um projeto foto documental que visa retratar alguns elementos que remetem ao toré ritualístico que compõe o ritual do Ouricuri, dos indígenas Kariri-Xocó, da cidade de Porto Real do Colégio/AL. Composto por um conjunto de danças e cantos que são realizados como prática religiosa e secreta, onde somente os povos tradicionais têm acesso, o toré é, assim como o próprio ritual do Ouricuri, um importante mecanismo de resistência cultural e identitária para o povo Kariri-Xocó.
A fim de se evitar abordagens distorcidas de um elemento cultural tão importante para os Kariri-Xocó, houve grande preocupação em desenvolver um trabalho que se desassociasse ao máximo da abordagem colonialista que durante muito tempo foi predominante, tanto na fotografia documental, quanto no fotojornalismo, e que retratou povos tradicionais como seres exóticos e selvagens; respeitando, inclusive, as regras do ritual do Ouricuri, bem como o sigilo das práticas que não pode ser reveladas ao não indígena. Sendo assim, a construção narrativa das imagens foi baseada em informações gerais (ao qual se pode ter acesso) transmitidas por alguns indígenas, a exemplo do Nhenety, nativo Kariri-Xocó, e por estudos desenvolvidos sobre o ritual, como os da antropóloga Vera Lúcia Calheiros Matta.
Utilizando elementos da fotografia contemporânea, o ensaio busca, através da técnica da longa exposição, explorar alguns aspectos subjetivos que estão associados a dança e ao canto do tóre, proporcionando ao observador uma imersão parcial daquela prática restrita aos Kariri-Xocós. É importante ressaltar que, a proposta não foi documentar o ritual si, mas trazer elementos que o remetam. Com isso, as imagens buscam uma certa “confusão” em quem as observa, fazendo com que o principal não seja o que está sendo mostrado, mas sim o que está sendo escondido, traçando assim uma barreira cultural que não deve ser ultrapassada. Ou seja, uma espécie de compreensão parcial daquilo que busca ser retratado já que quem as observa não faz parte daquela cultura.
Dito isso, as primeiras imagens em longa exposição aparecem em um ritmo mais lento, com “borrões” menos intensos. A partir do momento em que os instrumentos começam a ser acionados e o canto começa, os movimentos começam a ganhar mais intensidade e assim os “borrões” ficam mais intensos. Quando a dança efetivamente começa, as fotos buscam seguir o seu ritmo. Por ser dançado em círculos, as fotos foram organizadas obedecendo a ordem que seguia a dança, da esquerda para direita. Dessa forma, as imagens passam a impressão de estarem “girando”.
1 comentario
hugosantarem
Profesor PlusFelicitaciones por el proyecto y el texto.
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