Projeto Éter
Projeto Éter
van Lucas Barp @llucas_barp
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ÉTER
Por Luth Biazzus
Se você espera uma história com final feliz, pare de ler agora e procure outra história. Esta é a história de como eu morri, de como o meu reino, o reino mais próspero do continente de Éter caiu devido a minha ignorância e soberba. A história de como aquela que um dia seria chamada de Rainha dos Pecados chegou ao poder e mergulhou todo o continente em uma guerra secular.
Neste momento eu estou caída no topo da colina dos magos, eu corri para cá em busca de proteção depois que meu reino caiu. Pode até parecer covardia, mas não é verdade, sim eu temo pela minha vida, mas também tinha uma missão quando vim para cá.
A colina dos magos é parte do entorno do palácio dos magos, uma construção feita para guardar todo o conhecimento das raças do continente de Éter, único lugar onde nenhuma nação pode interferir. Vim entregar uma mensagem importante, mas meus executores me alcançaram antes, ouvi meus guardas caindo um a um enquanto o cheiro de ferro do sangue deles me alcançava e o último grito deles me perseguia independente do quanto meu cavalo corresse.
Eles lutaram bem, mas não o bastante. Os executores me alcançaram, eles eram sete apenas, me alcançaram, me derrubaram e me feriram. Tomaram a profecia que eu deveria entregar e me deixaram sangrando, tão perto daquele meu destino agora inalcançável. Somente mais alguns metros, nem sequer uma milha eu teria conseguido.
Pensando bem acho que eu nunca realmente fiz algo por mim mesma, sim eu era aclamada por seus súditos como uma grande soberana, mas sempre foram meus ministros e vassalos que lhe davam com parte difícil, eu, eu só era boa em delegar funções.
Voltando ao assunto, as partes mais importantes da história começam a cerca de três anos atrás, mas vamos deixar isso mais a frente, primeiro tem que saber que naqueles dias eu já era rainha do reino humano a cerca de dez anos.
Imagina só a confusão que foi, uma adolescente de apenas dezessete anos que estava sentada ao fundo de uma sala cheia de nobres candidatos à coroa do nada é iluminada e coroada como a rainha do império humano. Quando eu digo iluminada entenda no sentido literal da palavra, acontece que todo rei das raças de luz como humanos, elfos e anões é coroado pelo Deus da luz.
A sensação foi incrível, o pilar de luz que me envolvia deixou meu corpo quente, aquela luz parecia tangível como água ao mesmo tempo que fazia eu sentir como se estivesse flutuando, quem viu de fora disse que meus cabelos literalmente flutuavam.
Tirando isso foi realmente um acontecimento preocupante, o normal seria um dos meus pais ou parente de sua geração ser escolhido, durante o ritual conduzido pelo mago da corte, mas não foi o caso. O pilar me envolveu, a coroa apareceu na minha c
abeça e o alvoroço começou.
Nunca tinha me imaginado sendo rainha, quando criança gostava do status de princesa, mais tarde pensei que viveria como arquiduquesa ou, no pior dos casos, uma marquesa. Então até aí se imaginaria que foi uma grande responsabilidade dada a uma jovem promissora, mas que graças a genialidade da jovem rainha as dificuldades foram superadas uma a uma, ela ganhou respeito, fama e fortuna, casou com um bonitão e todos viveram felizes para sempre né?
Bem, você já sabe que fui assassinada então nada disso.
Acontece que pior que ter uma jovem rainha, era ter uma jovem rainha já comprometida com um nobre elfo. Sim, eu era noiva, sim tudo parecia piada do destino, ou melhor, dos deuses. A jovem prometida aos elfos como símbolo do estabelecimento de relações amigáveis após anos de tensão era agora a rainha do país humano.
Na época em que meu avô Constanjin Heldora Vaweny reinava houve o ‘que os plebeus chamam de “O Grande Inverno”, nome impactante não? Bem auto descritivo também. Eu era criança então não lembro muito de como começou, mas pelo que sei foi um ano em que o inverno se estendeu por mais tempo do que deveria. As pessoas começaram a invadir a fronteira com o país élfico para caçar na Floresta Eterna e extrair madeira para aquecer as casas.
A tensão foi crescendo até que os elfos fizeram prisioneiros humanos, alguns conflitos locais ocorreram e mesmo após o fim do grande inverno o clima de guerra e a hostilidade se estenderam por anos até que uma nova ministra, Hadassa WhiteRoad, se meteu na gestão. Ela estipulou compensações, fechou acordos, alterou a dinâmica de patrulhas e até exonerou alguns nobres ou remanejou outros de seus domínios, medidas a mais e a menos o problema se encerrou e eu fiquei noiva para simbolizar a nova fase de colaboração entre os países.
Bem, eu cresci, o casamento foi marcado, meu avô morreu, eu virei rainha e tudo se complicou novamente. Após o anúncio da nova rainha para as outras nações, os elfos enviaram uma carta “amigável”. Em resumo rápido eles consideraram que o acordo antigo foi uma armação para cima da boa vontade deles, e que tendo em vista a escolha divina, então eu deveria cumprir com ambas as responsabilidades, ainda deveria me casar nas tradições élficas, que significava que eu seria a rainha de um país que deveria servir a outro país, um estado vassalo.
Hadassa novamente entrou em ação, só que dessa vez também em minha defesa. Enquanto isso me voltei aos problemas internos do reino, supressão de algumas revoltas, expansão das vias de comércio, estabelecimento de postos de patrulha e segurança, diversificação da produção, estabelecimento de rota de comércio internacional e outras medidas para melhoria da qualidade de vida das pessoas do reino.
Nesses três anos eu me aproximei muito de Hadassa, ela era como uma irmã mais velha super inteligente, me auxiliando nas questões governamentais e até nas pessoais. Com o tempo, outros também notaram as grandes capacidades de Hadassa. Com outros me refiro aos elfos. Um novo acordo surgiu, Hadassa seria embaixadora e casaria com o elfo que antes era prometido a mim.
Fazia sentido quererem Hadassa, ela era linda. Apesar de seus quarenta anos se mantinha em forma, era alta, sua pele branca contrastava com cabelos pretos como a noite. O que poucos sabiam é que ela escondia os longos cabelos por trás de penteados para o trabalho como ministra. Além de sua aparência ela era genial e possuía um relacionamento próximo comigo, ou seja, com a rainha.
O casamento de Hadassa estabilizou a relação de ambos os reinos. Meu presente para ela foi uma lança negra com veias brancas, era uma arma bonita e funcional, feita para lanceiros que também sabiam usar magias.
No reino as pessoas estavam felizes, a economia estável, tivemos avanços nas magias de cura dos magos e até mesmo o clima parecia colaborar, entregando chuvas abundantes que geraram farturas nas mesas e empregos nos campos. Foram anos incríveis, sem guerra, sem fome, sem tristeza. Cinco anos antes de minha morte, éramos o país mais próspero do continente.
Nessa época Hadassa começou a se afastar de mim, ainda mantinha o cargo de embaixadora, mas estava diferente, imaginava que ela queria aproveitar mais a vida como mulher e menos como política, acho que foi nesta mesma época que minha arrogância começou a afetar meu julgamento.
Estamos agora a três anos atrás, sim, finalmente quando as coisas começaram a sair do controle. No início foi algo aparentemente simples, um novo surto de monstros apareceu ao sul do país, na época pensamos que uma concentração de magia anormal tinha criado as aberrações, então prosseguimos como sempre fazíamos. Informamos ao exército que juntou um pelotão de soldados e magos e enviou para o lugar, no mês seguinte um mensageiro nos informou que o batalhão tinha sido exterminado.
Não foi a primeira vez, claro, mas era um acontecimento raro e triste, o pior foi que após a vitória as aberrações mágicas haviam seguido para um dos vilarejos próximos, mais de setenta pessoas mortas, os únicos sobreviventes, uma família de fazendeiros, se salvaram só porque estavam em outro vilarejo comprando sementes.
Enquanto arrumávamos um segundo pelotão um novo grupo de aberração surgiu perto da Floresta Eterna, nunca na história do continente dois grupos de aberrações surgiram em um único país em um período tão curto, por mais que tivéssemos soldados, não tínhamos magos o bastante para duas incursões.
Imediatamente entramos em contato com nossa embaixadora nos elfos, tendo em vista que era na fronteira, acreditávamos que eles nos ajudariam, mas não foi bem assim. Aberrações também haviam surgido no país élfico e eles estavam lidando com o problema no momento e não poderiam enviar reforços.
Entramos então em contato com o Conselho dos Magos e perdemos as esperanças de vez, nunca vou esquecer o medo que se espalhou pelos conselheiros e ministros. Era uma crise continental, aberrações estavam surgindo por todos os países, e nós os humanos estávamos em imensa desvantagem, tínhamos muitos soldados, mas pouquíssimos magos, então por mais que exterminassem as criaturas, não era possível limpar a concentração de magia que as criava sem os magos.
Foi criado então dois batalhões de supressão, que ficariam responsáveis por manter o número de aberrações estável enquanto definíamos uma estratégia militar de extermínio. Duas semanas de reuniões após o envio dos batalhões, um terceiro foco é a aberração surgiu e mais um batalhão foi enviado, depois disso reunimos todos os magos do exército em um grupo móvel.
A estratégia era simples, os soldados suprimiram e exterminaram as aberrações então os magos chegavam, limpavam a concentração de magia então partiam para o próximo foco. Os magos não se envolveriam em batalhas, apenas os soldados, para repor as perdas também foi criado um quarto batalhão que se moveria antes dos magos e reforçaria o extermínio no próximo foco.
Este esforço militar, no entanto, começou a afetar o país, algumas rotas de abastecimento tiveram de ser remanejadas, o consumo militar e movimentação das tropas afetou a capacidade defensiva externa do país também. Por outro lado, minha estratégia começou a se mostrar efetiva, os dois primeiros focos haviam voltado a normalidade, um quarto foco havia surgido, mas a movimentação das tropas foi efetiva e estava sendo suprimido junto com o terceiro.
Era basicamente um esforço de guerra, meses de movimentações e batalhas, o reino com menos poderio mágico de todo o continente foi um dos mais aptos a suprimir as aberrações. Eu não deveria, mas estava feliz, era uma guerra contra monstros, uma guerra inevitável, uma guerra que estávamos vencendo e vencendo muito bem, parecia que a minha coroação de anos antes tinha sido para isso, para conduzir o reino por essa provação.
Naquele primeiro ano perdemos um povoado e dois esquadrões militares, em comparação a outros reinos, alguns que até tinham o suporte do Conselho dos Magos, nossas baixas eram as menores de todo o continente. Na primeira vez em que conseguimos suprimir um foco de aberrações sem sequer uma baixa, pessoas do reino começaram a me chamar de Rainha Branca.
Um ano antes da minha morte a dinâmica do reino estava totalmente alterada, os focos de aberração viraram algo quase rotineiro, o remanejo de rotas do comércio, os pontos de guarnições do exército, o sistema de comunicação, tudo foi alterado. As pessoas tinham medo de um foco aparecer perto de sua cidade, mas tinham confiança no serviço do exército, confiança grande o bastante para um atrair volume de refugiados de outros países em busca de proteção nas nossas cidades.
Nesta mesma época recebemos uma convocação do conselho dos magos para uma reunião entre todos os líderes do continente sobre os focos de aberrações. Chamei Hadassa para ser uma das acompanhantes do meu comboio, mas ela recusou dizendo que iria pelos elfos e realmente foi por eles.
A reunião iniciou sem problemas, humanos, elfos, anões, ferais e hobbits. Todas as raças estavam lá representadas, todos os reis e rainhas ou seus representantes, independentemente do tamanho de seu país estavam lá reunidos. Um dos conselheiros anunciou a entrada do Arquimago, o mago mais poderoso do continente de Éter, herdeiro de todo o conhecimento do conselho. Era a primeira vez que eu o vira, na verdade era a primeira vez para muitos dos presentes.
O Arquimago iniciou resumindo a criação das aberrações e como as concentrações de mana funcionavam, algo que gerou descontentamento dos presentes já que todos tinham noção disso. Explicações a mais e a menos e estávamos nós discutindo a escolha dos Deuses, bem você já sabe que fui escolhida como rainha por um Deus, não era exclusividade vinha, outros países usavam o mesmo ritual, mas a questão importante é o fato de que não existe somente o Deus da Luz, também existe sua contra parte o Deus das Sombras.
A teologia divina também era de conhecimento comum para os nobres ali presentes, o'que não sabíamos era que o Deus das Sombras também tinha seus escolhidos, ele tinha um campeão. Assim que essas palavras foram ditas, um arrepio forte subiu pela minha coluna.
Os murmúrios pareceram começar em sincronia com meu arrepio, Hadassa firme como sempre aquietou todos na sala e se dirigiu diretamente ao Arquimago, como era possível que um único campeão afetasse tantos países ao mesmo tempo e como faríamos para impedi-lo?
O ‘Que descobrimos não era lá muito animador, a própria existência do campeão interferia na magia do mundo como sujeira na água, em pontos onde a pressão era menor, onde a magia não circulava não se renovará, a sujeira se acumulava e o acúmulo criava as aberrações. Se a própria existência de um campeão poderia fazer isso, que outras capacidades ele teria?
Quanto a impedi-lo, ficaria ao encargo dos eleitos pelo Deus da Luz, nada mais justo não? Tirando o fato que a maioria deles, isso me inclui, não passavam de burocratas com poucas aptidões mágicas ou físicas, novamente isso me incluía. Bem, ao menos agora tínhamos uma causa e de bônus um inimigo novo, a questão agora seria como o encontrar e o exterminar.
A politicagem da reunião ainda foi muito longe naquele dia, foi estabelecida uma central de informações com base no concelho, cada país investigaria internamente e relataria ao conselho qualquer descoberta referente ao campeão das sombras, além disso foi designado um mago do concelho para cada um dos reis escolhidos.
Aquela reunião pareceu ser o gatilho de mais mudanças no continente, a frequência dos focos de aberração se intensificou, estávamos trabalhando em ainda mais frentes de batalhas. Meu treinamento começou assim que chegamos de volta ao reino, mas eu tropeçava nas aulas de luta marcial e não tinha poder de ataque mágico, apenas me dava bem com proteções mágicas.
Para piorar, a notícia de que a Rainha Branca, ou seja, eu, estava tendo treinamentos de batalha se espalhou pelo reino, isso imediatamente instaurou pânico na população, foram necessários vários discursos de minha parte em várias cidades para acalmar o povo.
Durante os meses seguintes as derrotas começaram a acontecer, batalhões caiam lentamente e a rede que sustentava o esforço de guerra lentamente começava a ruir. Algumas colheitas haviam sido destruídas pelas aberrações, fontes de mineiros também estavam tomadas pelos monstros, o mar se tornou a principal fonte de carne do reino, mas não era o bastante.
A seis meses atrás o campeão das sombras foi localizado, nas planícies dos ferais, os anões se uniram aos ferais em uma caçada secreta que mirava a morte do campeão. O Conselho dos Magos conferiu suporte prioritário à missão. Foram duas semanas tensas, relatórios e mais relatórios que chegavam todos os dias até que um deles informou a morte do Rei das Feras que liderava a caçada.
Acho que nesse ponto eu comecei a perder a sanidade e ter medo, antes eu sonhava com a derrota do campeão, mas após a morte de um dos escolhidos, passei a sonhar com minha morte também.
Nas semanas seguintes o Imperador dos Anões também caiu, em seu corpo uma mensagem de retaliação foi encontrada. A espionagem dos hobbits descobriu que um culto ao campeão das sombras existia e estavam atuando secretamente em vários dos reinos a fim de eliminar todos os escolhidos do Deus da Luz nisso a rede de informações compartilhada ruiu.
Encontramos alguns cultistas em casas nobres e até no palácio, a rede deles era maior do que imaginamos, investigações foram feitas, incursões até possíveis locais de encontros dos cultistas ou do próprio campeão foram feitas, mas não obtivemos nenhum grande resultado.
Quando o Líder hobbit caiu o pavor tomou conta de mim, os dois escolhidos mais fortes haviam morrido, o mais esperto também, o escolhido dos elfos não tinha nenhuma grande capacidade de combate, mas era o mais velho e sua cidade a mais fechada do continente. Já eu era só uma humana que treinava a pouco mais de seis meses e não parecia melhorar, eles iriam me encontrar, iriam me matar, iriam destruir meu reino.
Os sonhos pioraram consideravelmente, espadas que atravessavam meu corpo, cavalos e companheiros caídos, sombras e luzes rodopiando, cidades em chamas e castelos negros se erguendo, sangue escorrendo de meus ferimentos, dragões, lobos, vampiros e uma marca, uma marca de sol negro acima de olhos mais negros ainda.
Vim entender o significado apenas duas semanas atrás, quando recebi uma carta de Hadassa, na carta ela informava sobre a morte do soberano dos elfos, que após sua morte a rainha havia proibido a divulgação, ela mesma só ficou sabendo quando seu marido foi preso por associação ao culto das sombras, ou culto dos pecados e que por isso ela fugiu da capital élfica. Em uma nota de rodapé ela falava que o soberano estava tendo sonhos estranhos com uma jovem de branco falando com o arquimago.
Por mais que meus sonhos fossem premonições eu não via motivos para divulgá-los se tudo que eu enxergava era mortes e destruição. Mas na semana seguinte meus sonhos mudaram, a destruição continuava, mas de uma delas uma nova marca surgiu, um sol branco, pequenos brilhos começaram a nascer e os sete castelos negros caiam um a um, sem os aliados o próprio sol negro também caiu.
Naquela manhã eu acordei assustada, não apenas com o sonho, mas também
com a gritaria e a invasão do meu quarto por soldados. Não se preocupe com antecedência, eram soldados do reino. Na verdade, se preocupe sim, a capital real estava sendo atacada, um foco de aberrações nasceu em uma das zonas da cidade.
Estávamos sob ataque e deveríamos evacuar o quanto antes. Foi a primeira vez que vi uma aberração de perto, suas aparências eram totalmente aleatórias, um misto de insetos com gosma, sempre soltando um cheiro pútrido. Nós fugimos pelo fundo do castelo, por uma rota que eu havia jurado nunca usar, eu realmente pretendia nunca usar aquela rota, se fosse para meu reino cair que eu caísse junto. O destino por outro lado é sarcástico, não seria só meu reino a cair se eu morresse ali.
Da capital real nosso destino deveria ser a cidade de Belladona, cidade militar e base central do exército do país, mas sob protestos de meus guardas ordenei que fossemos para a cidade comercial, lá comprei um pergaminho mágico para registar todos os sonhos que tinha, toda a esperança que podia oferecer para o continente de Éter. Eu iria ajudar o continente, mas em seguida voltava para casa.
A caminho do Concelho a primeira coisa estranha que aconteceu foi um frio que abraço todo nosso grupo, no mesmo momento em que gritei para todos ficaram alerta um dos nossos guardas caiu, transpassado por uma lança de gelo, atras dele dois vultos negros vinham correndo em nossa direção.
Gritei para que corressem, os cavalos reclamaram com as esporradas enquanto aceleravamos em direção ao concelho. Voltei para meu destino e não ousei tirar os olhos dele, mas vi de relance quando dois dos cavaleiros à frente de mim caiam entorpecidos por alguma magia sonora.
Os cavalos deles debandaram assustados, em menos de um minuto três dos quinze guardas haviam caído. Se forem só dois então… antes que eu terminasse de pensar o solo a minha frente ficou enlameado e cai com meu cavalo. Mais dois inimigos estavam à minha frente, o capitão da guarda, no entanto foi rápido, ordenou parte do grupo a atacar enquanto outro grupo me protegia, me lancei para cima do cavalo e transpassei a batalha com cinco dos quinze guardas ao meu redor.
Não demorou muito a escutamos os gritos dos que ficaram para trás, conseguimos ganhar uma boa distância quando um monstro apareceu na nossa frente, era um lobisomem, um forte o bastante para conseguir se transformar durante o dia ele avançou em minha direção em uma investida brutal, alcei mão a minha magia e conjurei uma barreira para nos proteger, o impacto foi forte, mas não o bastante para suas garras quebrarem minha proteção, mais dois guardas ficaram para trás.
O Concelho já estava visível quando o mundo rodou, luzes e sombras giravam, o sangue de meus companheiros e suas montarias manchava o chão, nem sequer uma milha e eu teria chegado, o grito de dor de meus companheiros ainda soava em minha cabeça quando uma sensação mais forte me dominou.
Eu havia acabado de ser perfurada por uma lança, uma lança negra com veias brancas, uma lança que eu não via há cerca de cinco anos, a lança que dei de presente à Hadassa. Lágrimas frias corriam pelo meu rosto quando agarrei a lâmina na barriga e a arranquei fora, o ferimento era sim fatal, mas não me mataria rapidamente. Fui me arrastando quando escutei passos perto de mim.
-Minha rainha, onde vai? Você tem algo que eu quero. - Era a voz de Hadassa, mais fria do que eu jamais havia ouvido, mas sem dúvida de Hadassa - peguem-na...
Meu corpo foi repentinamente virado, o lobisomem de antes me arrastava até Hadassa, sentia meu sangue escorrer pelo ferimento, nós não conseguimos derrotar nem sequer um deles. O lobo me jogou perto de Hadassa e se ajoelhou atrás de mim, seus seis companheiros o seguiram.
Hadassa se aproximou com calma, e retirou de mim a bolsa com o pergaminho mágico, então entendi tudo.
-Você incriminou seu marido para se esconder e me enganou para ter as profecias. Eu sabia que havia mudado Hadassa, mas isso, essa guerra toda, por que? - As lágrimas não paravam, pareciam a única coisa quente em meu corpo.
Hadassa sorriu enquanto vasculhava a bolsa e retirava o pergaminho.
-Era para ser você, sabe? - Hadassa me encarava, o sol negro das minhas visões tatuado em sua testa. - A campeã das sombras que meu marido queria era para ser você e não eu… - ela revirava o pergaminho em mãos - ...no início era só vingança pelo que você tinha feito comigo, mas eu ainda fazia inconscientemente, na reunião do conselho que realmente compreendi mais do meu poder, da minha natureza.
Hadassa gesticulou com a mão e sua lança negra flutuava contra minha garganta.
-Quando um dos meus generais matou o ferral meu rei élfico falou das visões que tinha, e eu percebi que não poderia te deixar viva, não poderia acabar com seu reino devagar como queria. - Ela soltou um suspiro longo - com os escolhidos da luz mortos, só falta eu saber como impedir que a luz ressurja.
Hadassa balançou o pergaminho em minha frente.
-Pena que você não poderá ver, o reinado das sombras será glorioso. Hadassa apertou a mão e a lança pressionou o meu pescoço, mas para sua surpresa, a lâmina ressoou em uma pequena barreira mágica em meu pescoço.
-Sabe Hadassa - eu sorri para ela - eu não fiquei sem fazer nada após o conselho também…
Deixando de lado minha proteção, lancei toda a magia que me restava em direção ao pergaminho - Enquanto a esperança restar, esse pergaminho não se abrirá e quando seu portador chegar a verdade irá revelar.
- Ellainaaa - Hadassa gritou enquanto sua lança pressionava mais contra minha garganta.
Sim meu nome é Ellaina, Ellaina Heldora Vaweny a antiga Rainha Branca do reino humano e não precisa se preocupar, a magia que usei já consumia minha consciência, então não senti dor quando a lança me matou.
NOTAS DO AUTOR
Meus comprimentos a todos, se chegou aqui imagino que leu todo meu pequeno conto, devo admitir que não esperava que o mesmo ficasse tão grande. Mas as ideias não paravam e quando percebi já estava desse tamanho.
O mapeamento facilitou muito a condução da historia ainda que as vezes eu tivesse tendência a fugir dele.
Após finalizar o curso sinto que meus textos ficaram mais fáceis de se ler, Éter por exemplo mesmo tendo varias regras não divulgadas, a historia como um todo ficou confortável de se ler, tentei deixar a magia o mais simples possível e não entrar muito nos detalhes da politicagem.
A maior fraqueza imagino que tenha sido a humanização da personagem, em geral ela tem uma realização no final mas acho que faltou mais personalidade e evolução pessoal.
Por fim, obrigado por ler Éter e se possível deixe sua opinião^^...

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