@isaque.criscuolo
A poesia e empoderamento do cinema intimista de Lud Mônaco
Conheça o percurso profissional da diretora brasileira e descubra os segredos de um bom storytelling para cinema
Lud Mônaco (@ludmonaco) é uma roteirista e diretora de cinema brasileira, cujo trabalho explora o universo feminino e suas narrativas. Nascida em São Paulo, estudou Cinema na Escola de Cinema de Barcelona (ECIB), cidade onde vive, e o seu projeto de especialização, Para, pero sigue, recebeu o Prêmio de Melhor Curta no Lisbon & Estoril Film Festival 2014, em Portugal.
Para Lud, transmitir o poder dos sentimentos, traduzindo palavras em imagens, é o segredo de um roteiro cativante. Por meio do storytelling, resgata experiências do cotidiano para dar vida a histórias extraordinárias e já trabalhou como produtora local para grandes empresas como VICE, Rede Globo, Stink e Boiler Room.
Em seu curso da Domestika, Storytelling para roteiros de curta-metragem, Lud ensina as técnicas fundamentais para contar uma história por meio de verdadeiras metáforas narrativas.
Ela também ensina a desenvolver uma pasta criativa para que você possa escrever o seu próprio roteiro cinematográfico e compartilha ferramentas essenciais de storytelling para contar histórias que se conectam com sua audiência.
Percurso profissional
Lud Mônaco nasceu em 1987, em São Paulo, e estudou publicidade antes de se mudar para Londres em 2008. Foi enquanto trabalhava num cinema que decidiu investir na área e, desde então, escreveu e dirigiu vários curtas-metragens.
Seu trabalho já foi selecionado para festivais de renome como o International Short Film Festival Oberhausen, Mix Brasil e Sitges Film Festival, além de exposto no prestigiado Museu da Imagem e do Som de São Paulo (MIS). Enjoy the Drama, um dos seus curtas, foi lançado numa coleção pela reconhecida distribuidora Peccadillo Pictures.
Em 2017, foi escolhida para a Berlinale Talents, uma seleção de talentos emergentes organizada pelo Festival Internacional de Cinema de Berlim.
Focando no universo feminino, Lud Mônaco - que hoje em dia reside em Barcelona, na Espanha - retrata mulheres em narrativas envolventes de auto-empoderamento, diversidade sexual e liberdade. Sua linguagem explora uma combinação de cores atmosféricas, imagens poéticas, estilo de edição de colagens e narrativa cinematográfica para contar histórias com uma abordagem única e intimista.
Na sequência, conversamos com a diretora, produtora audiovisual e roteirista sobre o seu processo criativo, referências, seu primeiro longa-metragem e o que você pode esperar do curso Storytelling para roteiros de curta-metragem. Confira!
Oi Lud! Vamos começar pelo início: como funciona o seu processo criativo?
O motor do meu processo criativo sempre foi e continua sendo as minhas vivências pessoais. Surge de uma necessidade de comunicar a maneira como percebo a vida. Compartilhar aprendizados, derrotas e vitórias. Muitos dos meus filmes partiram de escritos do meu diário pessoal.
Da palavra que gesta a imagem. Da poética ao serviço da improvisação. Da escassez de recursos como impulso criativo para dar vida a uma linguagem independente e única. Guiada pela intuição e pelos frutos de relações humanas virtuosas.
Meu processo criativo sempre se ampara numa troca entre conhecidos/as e desconhecidos/as. Em expandir uma ideia do singular ao plural. E estabelecer constante diálogo entre diferentes partes de uma construção coletiva.
Quais são suas referências e onde busca inspiração?
David Bowie, Herman Hesse, Caetano Veloso, Glauber Rocha, Pasolini, Terrence Malick, Wong Kar-Wai, Gena Rowlands, a nouvelle vague francesa, o neo-realismo italiano, o cinema novo brasileiro, o pensamento existencialista, o tropicalismo, e tantos outros movimentos e pessoas.
A inspiração é algo que geralmente não busco, mas encontro. Numa música, numa leitura, numa conversa, numa imagem, numa dança, numa meditação, reflexão… Basta apenas eu estar aberta à ela.
Como empoderamento e liberdade pautam sua obra?
Todas as minhas obras refletem etapas do meu desenvolvimento pessoal. E, apesar de ser algo tão íntimo, acredito que ressoa em outras pessoas porque pertence também a um ciclo vital comum. As protagonistas dos meus filmes sempre passam por alguma crise que as leva a buscar uma força interior como única forma de libertá-las.
Entre estados melancólicos, variadas doses de otimismo e um toque de “humor próprio” (capacidade de rir das próprias tragédias), as etapas desse ciclo sempre estão presentes na estrutura dos meus filmes. E me atrevo a dizer que na vida de muita gente também.
Ao final, estamos sempre nos superando uma e outra vez. E só quando nos empoderamos é que experimentamos a verdadeira liberdade.
O que faz uma narrativa visual poderosa?
Acho que, primeiramente, uma boa história é a alma de uma narrativa visual poderosa. Depois para que seja cinematograficamente relevante, é necessário que exista um diálogo entre luz, som, personagens, figurino, ambientação e ritmo de imagens, através do qual se forme uma unidade onde todos os elementos narrativos operem em sinergia à serviço de uma história.
Quais dicas você daria para profissionais de cinema que querem se destacar na área?
O cinema é uma arte na qual cada projeto possui um ritmo intrínseco. Considero até difícil estabelecer um critério de tempo para avaliar se as coisas estão indo bem ou mal. Então o que posso dizer é que a paciência é uma ferramenta imprescindível. Não forçar. E nem deixar de se esforçar. É um ponto de equilíbrio muito tênue. Mas, uma vez alcançado, traz tranquilidade.
Agora, tratando de dicas mais práticas, posso afirmar que é uma indústria movimentada essencialmente por relações sociais. É importante se concentrar no desenvolvimento do seu projeto? É. Mas o que vai fazer a diferença depois é a sua capacidade de comunicar as suas ideias.
E, para isso, é imprescindível comunicar ideias que estejam realmente conectadas com você, com os seus valores e a sua visão de mundo. Acredito que apenas assim podemos nos comunicar com confiança e de uma forma que realmente comova o nosso interlocutor. Portanto o conselho é: escreva histórias que te representem e construa a sua rede de contatos.
No que você está trabalhando atualmente?
Tenho me dedicado à preparação do meu primeiro longa. A estimativa é de que a filmagem aconteça em Portugal na primavera de 2022.
Em paralelo, tenho prestado serviços de mentoria de projeto. Também dou periodicamente uma oficina online de storytelling cinematográfico para grupos reduzidos.
O que as pessoas podem aprender com seu curso?
Desde que foi lançado, o curso já recebeu uma variedade de avaliações de diferentes alunos/as. Com base nesse retorno, posso afirmar que o forte do curso é a forma como os conceitos para desenvolver os fundamentos de um roteiro são explicados.
Segundo os/as alunos/as, a clareza e a simplicidade com que comunico as bases do storytelling cinematográfico, permite que eles/as assimilem com facilidade os passos iniciais para traduzir palavras em imagens.
Portanto, considero recomendável para qualquer pessoa que queira realizar um curta-metragem e não saiba por onde começar. O curso oferece uma proposta de estrutura a ser seguida e, ao mesmo tempo, incentiva o/a aluno/a a percorrer o caminho que a sua própria voz criativa dita.
Gostou de conhecer melhor a trajetória de Lud Monaco? Saiba mais sobre seu trabalho no seu site e não perca o curso Storytelling para roteiros de curta-metragem para aprender técnicas fundamentais para contar sua história por meio de verdadeiras metáforas narrativas
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1 comentário
cronicasdeunsazo
Faltou perguntar aqui, como e de que maneira, a sua postura politica influencia as suas obras?