Música e áudio

O que é trilha sonora? Confira 8 exemplos célebres

Aprenda como compositores criam histórias audiovisuais perfeitas com música e explore exemplos famosos do mundo do cinema documentário

A trilha sonora é a música que sustenta todo grande filme, adicionando uma camada extra de emoção e força a uma narrativa. Trilhas bem-sucedidas preparam o público para os principais acontecimentos da trama, conduzem-no pelas emoções dos personagens e deixam uma impressão permanente.

Mas, como explica o músico e compositor Simon Smith (@simon_smith), “a produção de filmes é um negócio complexo e é preciso conhecer seu lugar nele e como a criação e o posicionamento da música se encaixam no todo”. Neste artigo, aprenderemos como a trilha sonora engrandece as histórias, conheceremos os diferentes tipos de trilha sonora cinematográfica e 8 projetos icônicos que revelam o verdadeiro potencial do som.

Projetos com trilha de Simon Smith
Projetos com trilha de Simon Smith

O que é uma trilha sonora?

Simon explica que compor para um projeto audiovisual significa aplicar música para aprimorar a história ao adicionar “profundidade, comentários e carga emocional”. A música esclarecerá emoções, criará tensão e funcionará como suporte para o ritmo da obra. Também deve alimentar a visão do diretor, por isso é preciso uma mente aberta e uma abordagem colaborativa – equilibrando sua experiência com as intenções gerais do filme.

Você encontrará trilhas sonoras em longas-metragens, documentários, animações, curtas-metragens, publicidade e muito mais. Em cada caso, elas servem a um propósito que aumenta o efeito geral sobre o público.

A abordagem de Simon para um novo projeto consiste em analisar a história, trabalhando nos espaços em que pode adicionar camadas de narrativa musical. Você está essencialmente “esculpindo uma jornada musical, trabalhando nos contornos” com camadas de mensagens subliminares. Os espectadores podem nem notar a música e o som, mas seu cérebro capta as pistas subconscientemente.

A composição pode destacar e dar suporte a momentos cruciais de uma narrativa
A composição pode destacar e dar suporte a momentos cruciais de uma narrativa

Quais os diferentes tipos de trilhas?

Dependendo do projeto, um compositor ou designer de som fará escolhas musicais específicas. Primeiro, vamos examinar as diferentes maneiras de incorporar a música em uma história.

1. Trilha diegética: é a música que os personagens podem ouvir. Por exemplo, alguém tocando uma música em um instrumento na cena. Outro exemplo seria seu protagonista ouvindo sua música favorita no rádio – isso ajuda a construir a caracterização.

2. Trilha não diegética: é a música que os personagens não podem ouvir. Aquela em camadas sob as cenas para efeito dramático, chamada de underscore. Montagens são músicas que tocam em uma sequência de cenas curtas, que impulsionam o enredo e alteram a ambientação. A música de abertura e encerramento pode apresentar compassos distintos que se repetem como um refrão.

3. Preexistente: é a música com a qual o espectador está familiarizado, como uma canção pop famosa. Alguns filmes usam apenas músicas preexistentes, como Pulp Fiction e 2001: Uma Odisseia no Espaço.

4. Composta ou original: é a música sob encomenda, que pode ser diegética ou não diegética, escrita exclusivamente para o filme. Isso permite maior controle criativo.

Tendo um computador, um dispositivo de entrada e o software certo, já é possível começar a compor
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Agora, vamos considerar alguns dos gêneros que comumente aparecem nas trilhas sonoras de filmes.

1. Orquestral, clássica: é romântica e variada, e muitas vezes aparece em filmes tristes ou histórias de heróis.

2. Jazz: é um gênero com muito espaço e flexibilidade, ideal para cenas repletas de movimento.

3. Avant-garde e experimental: este estilo musical minimalista pode ser muito repetitivo e funciona muito bem em dramas e terror.

4. Ambiente e eletrônica: ideal para ficção científica e noirs, aqui a atmosfera é mais importante do que uma melodia complexa.

5. Acústica: este estilo é solitário e espaçado, ótimo para filmes tranquilos e pensativos.

O gênero escolhido afetará muitos aspectos de sua composição, como instrumentação, ritmo e melodia (harmonias e linhas de baixo).

Agora que temos um entendimento básico, vamos ver (e ouvir) oito exemplos que Simon menciona em seu curso nos quais a música é uma parte fundamental da narrativa.

1. Farrapo Humano (1945), música de Miklós Rózsa

Este filme sobre um alcoólatra provocou uma resposta estranha nas primeiras exibições. Sem música, as pessoas tomavam os momentos trágicos como comédia. Os criadores retiraram o filme de cartaz e o entregaram a Miklós Rózsa, que se encarregou da trilha. O protagonista, Ray Milland, acabou ganhando o Oscar de Melhor Ator. Nada em sua atuação foi editado, mas a nova trilha orquestral apoiou seu trabalho e o tornou mais claro. Ouça o trailer abaixo:

2. Os Incríveis (2004), música de Michael Giacchino

Esta animação da Pixar presta homenagem às narrativas clássicas de super-heróis com um toque de comédia familiar. Simon observa que este é um bom exemplo de equilíbrio entre praticidade e originalidade - entender os padrões esperados pela audiência enquanto se adiciona algo novo. A trilha orquestral usa cordas e metais heróicos para criar uma energia retrô que remete aos antigos filmes de mistério e espionagem. Ouça o vídeo abaixo:

3. A Origem (2010), música de Hans Zimmer

Zimmer é um grande mestre tanto do minimalismo quanto de abordagens mais vanguardistas. Em Time e outras músicas, quatro acordes simples conduzidos por piano e cordas crescem e movimentam-se como ondas, com uma simetria e repetição que afetam nossas emoções. Ouça abaixo:

4. Batman: O Cavaleiro das Trevas (2008), música de Hans Zimmer

O minimalismo de Zimmer se aprofunda ainda mais em seu tema para o Coringa, Why so Serious?, que gira em torno de uma nota. Essa restrição mantém a música tensa e, de alguma forma, torna os momentos mais altos ainda mais chocantes – ideal para um vilão tão imprevisível.

5. Amor à Flor da Pele (2000), música de Shigeru Umebayashi

A trilha de Umebayashi para este drama romântico sobre duas pessoas cujos parceiros são amantes, e que também acabam desenvolvendo sentimentos um pelo outro, traz um violino cadenciado sobre cordas dedilhadas. O efeito é curioso e assombroso, e soa como uma evolução lenta – espelhando a história.

6. Réquiem para um Sonho (2000), música de Clint Mansell

Esta trilha, interpretada pelo Kronos Quartet, mistura um pulso constante com o que Simon chama de uma melodia “terrivelmente insistente”, capaz de capturar perfeitamente a sensação de privação dos protagonistas, que lutam contra a dependência química.

7. Lucky People Center International (1998), música de vários artistas

Este documentário sobre a cultura mundial apresenta cortes rápidos e diversas paisagens sonoras e músicas. Sons do mundo real (sons diegéticos) integram-se à música não diegética. Lucky People Center era um coletivo de artistas suecos e, através deste filme, introduziu diversos artistas ao seu estilo de ambient trance tão característico.

8. What About Me? (2002), música de 1 Giant Leap em parceria com vários artistas

What About Me? é um álbum do grupo britânico 1 Giant Leap, que também produziu um documentário com diversos gêneros, desde canto gutural e afro-pop até eletrônica, rock, hip hop e muito mais. Em conjunto com o disco, uma versão cinematográfica foi transmitida na televisão britânica. Assim como Lucky People Center International, esta é uma grande fonte de inspiração para projetos de grande escala e edição ágil fundindo gêneros musicais de todo mundo para pintar uma imagem da condição humana.

A música pode transformar e refinar a atmosfera e a experiência de um filme. Se quiser mergulhar neste universo, não deixe de conferir o curso de Simon, Produção musical para filmes, onde aprenderá a compor a trilha sonora de um curta-metragem, desde os fundamentos da composição até o processo de produção.

Versão em português de @ntams.

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