Arte

As 5 obras de aquarela mais caras do mundo

Descubra o preço e a história de três obras de arte em aquarela chinesas e duas europeias, de Cézanne e Van Gogh

No universo das grandes vendas da arte, obras realizadas em aquarela costumam ficar abaixo das pintadas a óleo ou acrílico. O motivo sempre foi a dificuldade de conservar um trabalho de aquarela ao longo do tempo, os riscos do uso do papel e a necessidade de molduras e vidros para garantir sua longevidade.

Ainda assim, algumas aquarelas integram a lista de obras de arte mais caras da história. Neste post, contamos quais são as cinco mais caras de acordo com o blog especializado Watercolor Planet e por que são tão representativas, tanto no mercado quanto na história da arte.

1. Série de 12 Paisagens, Qi Baishi (1917)

Preço: US$ 144 milhões

Em 2013, esta série de 12 pinturas de paisagem do pintor chinês Qi Baishi (1864-1957) foi leiloada em Pequim por 144 milhões de dólares. A série foi vendida pelo conglomerado chinês Poly, dedicado à arte e ao investimento imobiliário de luxo na Ásia.

O que determinou seu preço tão alto? Qi Baishi é considerado o pintor moderno mais importante da China, o artista que introduziu a tradição milenar da pintura chinesa no século XX. O enorme respeito que conseguiu conquistar no mundo tem a ver com o fato de nunca ter se deixado influenciar pela estética ocidental, algo que, em tempos de globalização feroz, continua a se valorizar ano após ano.

12 peças que integram uma série criada por Qi Baishi detêm o recorde. Esta é uma delas
12 peças que integram uma série criada por Qi Baishi detêm o recorde. Esta é uma delas

Embora suas pinturas mais conhecidas sempre tenham sido dedicadas a flores e pequenos animais, em determinado momento de sua carreira, Qi Baishi decidiu viajar e pintar duas séries de paisagens. A imagem acima é uma delas.

As 12 obras foram pintadas quando o artista tinha 62 anos, em 1926, e são consideradas por especialistas um reflexo perfeito de sua compreensão das paisagens chinesas. É a obra de arte chinesa mais cara da história. Qi Baishi deu a série completa ao seu médico em Pequim, que também era seu amigo. Com o tempo, as pinturas mudaram de mãos, mas sempre integrando coleções particulares.

Onde você pode ver a obra? Não está em exibição em nenhum museu, mas você pode estudar o trabalho do artista em China Online Museum.

2. Águia em pé sobre um pinheiro com dístico de quatro caracteres em escrita de selo, Qi Baishi (1946)

Preço: US$ 57,2 milhões

Qi Baishi também ocupa o segundo lugar da lista. Neste caso, com a ilustração de uma ave acompanhada de textos em caligrafia chinesa. Embora tenha iniciado sua carreira trabalhando com a técnica Gongbi, uma espécie de estilo realista, neste trabalho o artista se inclinou para a pintura à mão livre, o que imprime certa particularidade dentro de sua proposta.

Enquanto a técnica Gongbi se refere à palavra Gong jin, que significa ordenado, meticuloso, a técnica usada nesta pintura, chamada Xieyi, busca, na verdade, a libertação. O Xieyi está relacionado à poesia porque não se trata de retratar as coisas como são, mas como o artista as percebe.

Recorte e montagem de uma obra longa e vertical cuja totalidade não pode ser exibida por conta de direitos autorais
Recorte e montagem de uma obra longa e vertical cuja totalidade não pode ser exibida por conta de direitos autorais

Esta pintura foi dedicada a Luo Longji, político e patriota muito famoso na China. O pinheiro e a águia simbolizam heroísmo e longevidade. A águia, orgulhosamente no topo do pinheiro, mantém um olhar fixo enquanto contempla o além. O bico e as garras da águia estão pintados, não casualmente, mas com confiança e bem definidos.

Após a morte do homenageado, a obra foi adquirida por um colecionador muito importante conhecido como Doutor Lo, que se tornou milionário graças à descoberta de como usar a soja para alimentar a faminta China após a Guerra Mundial. Em seguida, foi leiloada em 2013 pela galeria Christies.

Onde você pode ver a obra? Está em exibição no Metropolitan Museum of Art, em Nova York.

3. Cultivo em uma terra pacífica, Xu Beihong (1951)

Preço: US$ 36,7 milhões

Embora o leilão desta obra em 2011 tenha começado com um preço muito mais baixo, em poucos minutos o valor começou a subir e o artista imediatamente entrou neste próspero ranking.

Os analistas consideram, atualmente, que tal aumento das cifras foi um sintoma da fragilidade econômica vivida pelos mercados internacionais na época: o primeiro sinal de crises internacionais costuma ser a tendência dos grandes colecionadores de recorrer à arte de estilo tradicional, ou seja, apostar no que é seguro.

Esta obra marcou a tendência do mercado de revalorizar a pintura tradicional chinesa em 2011
Esta obra marcou a tendência do mercado de revalorizar a pintura tradicional chinesa em 2011

Em tal contexto, Xu Beihong (1895-1953) foi, sem dúvida, uma aposta segura. Este artista é considerado um dos mais influentes do século XX. Foi pioneiro no desenvolvimento do realismo chinês e da educação artística moderna no país.

Estudou e viajou extensivamente pela Europa e Sudeste Asiático, tendo dominado diversas técnicas como aquarela, óleo e nanquim. Xu tornou-se presidente da Academia Central de Belas Artes e, além disso, presidente da Associação de Artistas da China.

Onde você pode ver a obra? Embora tenha sido adquirida por um colecionador privado, você pode conhecer o trabalho de Xu em China Online Museum.

4. Natureza morta com melão verde, Paul Cézanne (1906)

Preço: US$ 25,5 milhões

Pelo uso magistral da luz e da sombra, sem outros recursos além do branco do papel e suas aquarelas, essa obra representa perfeitamente o que os impressionistas faziam quando não saíam para pintar a natureza ou os campos e ficavam em casa.

É considerada uma obra-prima do impressionismo francês e o exemplo perfeito do gênero natureza-morta. Sua técnica inclui traços retos e rígidos combinada com cores claras e suaves.

Esta peça é considerada uma natureza-morta magistral
Esta peça é considerada uma natureza-morta magistral

Esta obra, aliás, é classificada como grande expressão da corrente cubista. O cubismo foi o primeiro movimento de vanguarda do século XX e rompeu com o último estatuto renascentista ainda vigente na arte: a perspectiva. Para os cubistas, o mundo se converte em formas simples evocadas por meio de figuras geométricas.

A casa de leilões Sotheby's inicialmente pediu US$ 18 milhões por este trabalho, mas um comprador anônimo decidiu pagar muito mais. O número é ainda mais surpreendente se considerarmos que o francês Paul Cézanne, hoje um dos artistas mais influentes do século XX, foi, em seu tempo, um pintor ignorado que trabalhou em meio a grande isolamento e incompreensão.

Onde você pode ver a obra? No Museu do Louvre, em Paris.

5. Colheita na Provença, Vincent Van Gogh (1888)

Preço: US$ 14,6 milhões

Van Gogh é outro artista que não conseguiu vender seus quadros em vida. Foi totalmente incompreendido em seu tempo, pois pintava as coisas, as pessoas, a vida, não como as via, mas como as percebia e sentia.

As aguarelas são um elemento particularmente importante em Colheita na Provença, pois refletem uma forma de trabalhar. O artista as considerava aliadas: eram cômodas, baratas e fáceis de transportar quando queria pintar ao ar livre.

A pintura é considerada um expoente puro da obra do artista porque, além disso, faz uso particular do amarelo, marca registrada do artista.

O amarelo clássico de Van Gogh pode ser apreciado nesta obra
O amarelo clássico de Van Gogh pode ser apreciado nesta obra

Quando Van Gogh se estabeleceu em Arles, na França, apaixonou-se por sua luz e isso afetou sua produção artística. Em pouco mais de um ano, pintou cerca de 300 quadros e sempre com o amarelo como protagonista, inclusive em composições noturnas. Em uma carta para seu irmão Theo, Vincent confessou que se sentia impotente, pois não conseguia obter toda a força da luz de Arles, que tentava capturar com essa cor.

Acredita-se que sua maneira chamativa de empregar esse tom esteja relacionada ao uso de digitalina ou digitalis purpurea. Trata-se de uma flor utilizada para tratar a insuficiência cardíaca, mas que lhe causou um distúrbio ocular. Existem outras hipóteses para justificar essa inclinação, a maioria delas relacionadas a questões de saúde.

Curiosamente, esta não é a obra mais cara de Van Gogh: Retrato do Dr. Gachet foi vendida por 82,5 milhões de dólares, mas é um trabalho feito com tinta a óleo.

Onde você pode ver a obra? No Museu Van Gogh, em Amsterdam.

Por que a arte chinesa é tão valorizada?

Há algumas décadas, os colecionadores de arte chinesa empreendem uma espécie de cruzada para repatriar a arte tradicional chinesa. De acordo com a consultoria Daxue Consulting de Pequim, isso deu ao mercado um impulso inédito, especialmente incentivado pelos chamados novos ricos daquele país.

Na esperança de se beneficiar dessa onda, os proprietários de arte ocidentais correram para se livrar dessas peças, geralmente leiloadas por casas locais. Essas casas, além disso, apresentam benefícios fiscais para quem cumpre a missão de realizar a repatriação de arte original.

Essas são, em suma, algumas das variáveis ​​mais simples para entender porque as três primeiras posições desse ranking são ocupadas por artistas chineses.

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Versão em português de @ntams.

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