Bola de Chiclete - projeto do curso histórias infantis
por Regina Lydia @relyjae
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Bola de chiclete
Autora: Regina Lydia
Existiu um tempo em que as crianças adoravam mascar chiclete e soprar as suas bolas. Fazer tal façanha sem deixar a goma cair da boca, era algo que nem todos conseguiam.
Gigi não queria ficar fora dessa. Ela assistia seus dois irmãos maiores fazerem as desejadas bolas e ainda causarem estouros com as mesmas. Eram craques. O melhor chiclete para tal façanha era o Ping-Pong¹. Tinha que se mascar bastante até a goma ficar bem elástica, para então a envolver na língua, botar para fora, segurar com os dentes e soprar. Organizavam até campeonatos para ver quem fazia o maior balão. Após algumas dicas de seu irmão, ela começou a praticar sozinha. Manteve em segredo o treinamento, pois queria surpreendê-los.
Certo dia, chegaram uns primos do interior e juntos brincavam no pátio da sua casa. Gigi era das primas mais pirralhas, como eles chamavam os menores. Os guris começaram a se gabar com suas bolas de chiclete. Foi então que ela tomou coragem e disse:
– Eu também sei fazer bolas, querem ver?
– Duvideodó! ² – disse o primo mais velho, e todos a olharam atentos.
Ela não se michou e começou a mascar seu Ping-Pong¹ de hortelã. Então preparou a língua, enrolou bem e soprou com toda a força, pensando em fazer uma bola bem grande.
– Ah, ah, ah, ah, ah – todos caíram na gargalhada.
Para sua tristeza, a exibição fora um fiasco! Com o sopro forte, o chiclete voou e caiu no chão. E pior, um dos primos veio e pisou em cima esmagando-o nas pedrinhas. Ela ainda pegou o que sobrou tentando limpar, mas logo começou a chorar e saiu correndo para se esconder.
– Volta aqui sua bobinha, vem fazer mais bolas para nós, ah, ah, ah – dizia o primo fazendo troça dela.
Um de seus irmãos ficou com pena e foi atrás dela para a consolar. Mas ela não voltou mais naquela tarde.
Na manhã seguinte, sozinha no seu quarto, colocou seu pônei de pelúcia sentado na cadeira e começou a se exibir para ele, mascando e soprando, mascando e soprando. Depois de algum tempo, resolveu pegar mais chicletes para aumentar o tamanho das bolas. Foi quando tudo aconteceu. A bola que ela soprou ficou tão grande, mas tão grande que Gigi estava flutuando no ar. Ainda deu tempo de pegar seu pônei pela pata e saíram voando pela janela. Ela estava tão encantada com a visão lá de cima, que nem pensou no que poderia acontecer caso a bola estourasse.
Os guris estavam jogando futebol na calçada, quando o irmão dela olhou para cima e gritou:
– Olhem lá no alto! É a Gigi pendurada numa bola de chiclete gigante!
Eles olharam incrédulos no início, até ouvirem o primo mais velho dizendo:
– Peguem suas fundas, vamos derrubá-la. Vamos seus molengas!
Ninguém deu ouvidos a ele e correram atrás da menina maravilhados com a cena, mas também preocupados em como ajudá-la a descer. O primo, ao contrário, agiu sozinho e por duas vezes tentou derrubá-la lançando pedras com sua funda. Conseguiu apenas provocar uma sacudidela. Só que, na terceira tentativa ele acertou em cheio estourando a bola. E Gigi começou a cair, girando feito um helicóptero desgovernado.
– Consegui acertar no alvo! – comemorou o primo aos pulos.
Nesse exato momento, ouviu-se um estouro e um clarão que os cegou de tão intenso. Ao abrirem os olhos novamente, viram Gigi voando lá no alto, montada no seu pônei que havia ganho asas enormes. Em seguida ela aterrissou em grande estilo sob o aplauso de todos. Todos, menos um.
Quando lembraram do primo, saíram correndo para pegá-lo e tiveram outra surpresa. Encontraram-no esperneando, enroscado na goma do chiclete que caiu sobre ele ao estourar. E suas mãos, estavam presas pela borracha da funda. Bem feito!
– Socorro, tirem-me daqui – gritava ele – eu prometo dar chicletes para todo mundo.
No entanto, quem riu dele desta vez foi a Gigi. E o grupo comemorou com ela.
¹Ping-Pong: marca de chiclete produzida entre os anos 60 e 90, muito popular.
²Duvideodó: duvidar fortemente de algo que outra pessoa falou.
2 comentarios
ibrenman
Profesor PlusHola Regina.
Primero, gracias por compartir tu historia con nosotros.
Me gusto tu historia, trae un recuerdo afectivo para los adultos que recuerdan esta etapa de "Ping-pong", al mismo tiempo atrae a los niños por la aventura contada. Felicidades.
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relyjae
Gracias profesor. Espero estar en el camino correcto...
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