Meu projeto do curso: Criação de histórias para crianças
por rfreneda @rfreneda
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Asas da alegria - O vôo do perdão
(Rosana Freneda)
Julianita era uma linda borboleta, toda colorida. Suas asas espelhadas era o que havia de mais bonito. As cores brincavam entre si. Se misturavam e se isolavam. Olhar para Julianita era como estar em um banquete de cores vivas e alegres.
Sua melhor amiga era a Babi. Babi não tinha as mesmas nuances coloridas das asas da amiga. Mas também tinha sua beleza. Suas asas eram de cores chapadas, que não se mesclavam. De fundo amarelo, o azul, o rosa e o roxo, eram facilmente identificados em suas formas geométricas de círculos.
As duas voavam sempre juntas. As rosas era o melhor lugar para pouso e decolagem. Eram felizes escalando entre as rosas vermelhas, amarelas e brancas. Não tinham segredos. Viviam sempre juntas. O roseiral era o lar daquelas charmosas borboletas. Além de bonitas, eram amorosas com os demais insetos que dividiam no jardim.
Uma bela tarde de verão, quando as duas voavam livres e alegres deram de cara com Nino que há muito não viam. Nino contou tudo o que havia feito e os lugares que conhecera desde quando se aventurou para explorar outros jardins e outras flores. As amigas ficaram encantadas com tudo que ouviam. Julianita queria saber tudo: Tim-Tim por Tim-Tim.
- Conta mais Nino!
- Depois. Agora preciso levar esses pólens.
Babi logo quis voltar para as suas brincadeiras, voando para beijar a rosa amarela. Julianita ficou onde estava. Seu coração batia acelerado. Suas asas não obedeciam ao comando de alçar voo. Permaneceu ali, parada, vendo Nino voar, acompanhando-o, até que desaparecesse entre as lavandas. O pensamento de Julianita voava junto com Nino.
“Como Nino ficou bonito!” As asas eram azuis celeste com bordas pretas, dando um lindo contraste quando em movimento.
Babi chamava a amiga:
- Venha Julianita! Nossas rosas estão muito perfumadas hoje!
Mas a borboletinha não tinha ânimo para as rosas, queria mesmo as lavandas!
Babi desistiu de chamar a amiga para brincar e foi logo se juntar a ela.
- O que aconteceu? Por que não foi ao roseiral comigo depois que Nino foi embora? As rosas hoje estão fabulosas!
- Não sei o que aconteceu, mas minhas asas estão fracas e meu coração palpita.
Babi começou a rir e a voar em círculos.
- Acho que tem borboletinha apaixonada por aqui! Nino está bem bonitinho!
- Não! Que apaixonada que nada! Nino é amigo nosso desde criança. Que bobagem!
- E por que ficou com suas bochechas vermelhas?
Não querendo esconder nada da amiga, ela logo disse que ficou encantada com Nino e confirmou que gostaria de voar junto com ele até as lavandas. As duas amigas riram, se abraçaram e voltaram a brincar.
Logo anoiteceu. Babi, que havia brincado muito naquela tarde, adormeceu rápido. Julianita relembrava a época que era criança e voava junto com Nino e Babi. Não dormiu. Nos primeiros raios de sol, alongou suas asas e saiu. Voou. Voou e voou. Viu o jardim de lavandas.
- Será que Nino está lá?
Sem prestar atenção pelo caminho, nossa borboletinha já sobrevoava as lindas lavandas. Procurou por Nino. Mas ele não estava lá. Perguntou por ele para algumas borboletinhas que sobrevoavam as lavandas. Ninguém sabia onde ele estava. Voltou, então para o roseiral. Ao chegar viu que Nino e Babi brincavam junto às rosas vermelhas. Levou um choque.
“Por que eles estavam nas rosas vermelhas? Por que riam? Babi preferia as amarelas...”
Chateada com o quadro que se pintava à sua frente, Julianita voou para as rosas amarelas e não quis brincar ou falar com ninguém. Quanto mais pensava na cena, mais triste ficava. “Sua melhor amiga a havia traído!” Sua natural alegria deu lugar a uma grande irritação. Mal humorada, era ríspida com todos que se aproximavam dela. Decidiu que mudaria de jardim. Iria voar para longe daquele roseiral.
Sem dar adeus, Julianita partiu, deixando para traz o que tinha de mais importante: sua amizade com Babi. Esquecera-se de tudo que havia de bom entre elas. Só pensava na traição.
“Nunca mais quero ver ou falar com ela.”
Babi e Nino estranharam o desaparecimento de Julianita. Souberam que ela havia feito sua mala e partido para longe. Os dois amigos tentaram encontrá-la. Voaram por todos os jardins que conseguiam alcançar, mas não encontraram qualquer sinal de Julianita. O tempo passou. Babi e Nino não tinham mais a mesma alegria de antes. Sentiam por demais a falta da querida amiga. As cores das asas de Babi apagavam-se aos poucos. Os dias de grandes alegrias tinham ficado no passado mais feliz junto à amiga Julianita. O céu já não tinha mais o mesmo tom de azul.
Julianita voou para o mais longe que suas asas puderam levá-la. Não mais pensou em Babi ou em Nino. Não fez amizade com outras borboletas e recusou-se a pousar em rosas ou lavandas. Passou a viver solitariamente em meio aos cravos. “Melhor viver só, não confio mais em nada”. Percebeu que já não tinha mais a vivacidade de outrora. Notou que suas asas dia a dia perdiam as nuances coloridas. O que ela mais tinha de bonito, que era quando as cores se mesclavam, estava perdendo. Todos os tons coloridos estavam tornando-se, pouco a pouco, amarelados. Não amarelo dourado, mas um amarelo pálido. Sem brilho. O céu tornara-se cinza para ela. As nuvens, que antes eram motivos de brincadeiras para a imaginação, agora eram motivos para reclamação ao anúncio de chuva.
A notícia de que havia uma borboletinha triste entre os jardins de cravos se espalhou. Todos do panapaná queriam saber por que aquela linda borboleta estava mudando de cor e perdendo toda a sua beleza.
- Deve ser decepção, diziam uns.
- É traição, diziam outros.
O fato é que ninguém poderia saber. Julianita continuava muda e sozinha.
Um dia, Julianita, perdida, pousou em uma linda Açucena de cor rosa. Ali encontrou uma lagarta. A lagarta movia-se lentamente e ela ficou a observar. Perdida em pensamentos, lembrou-se quando ela mesma era uma lagarta. Lembrou-se também de Babi e Nino, ainda pequenas lagartas. Lembrou dos dias felizes. Dos grandes voos. Das risadas. Do roseiral. Sentiu suas asas moverem-se involuntariamente. Riu com o movimento e se deu conta que há muito não sorria. Percebeu que em uma das suas asas o vermelho começava a aparecer. Riu de novo, e mais alto. Observando a outra asa, notou que lá também, o vermelho voltava.
De bando em bando de borboletas, a notícia chegou no roseiral. Babi quis saber mais da pobre borboletinha que perdia as cores de suas asas, já que ela mesma passava por isso. Procurou por Nino e pediu que ele viajasse com ela a procura da pobrezinha. Queria ajudar!
Procuram pelos jardins de cravos. Não a encontraram. Perto dali estava o jardim das Açucenas. Por intuição, ou sabe-se lá o que, Babi voou em direção àquelas flores, seguida por Nino. Avistaram uma borboletinha amarela bem clara, com uma manchinha vermelha em cada asa. E qual foi o espanto dos dois ao descobrirem que a pobre borboleta era a tão querida amiga Julianita.
- Julianita, é você? O que aconteceu? Cadê suas cores? Por que está aqui? Senti tanto sua falta minha amiga. O roseiral não é o mesmo sem você!
Julianita olhou para o dois e deu as costas. Nino, então voou, e, colocando à frente de Julianita:
- Por que você nos abandonou? Assim como Babi, senti muito sua falta! Olha para mim, por favor, fale comigo!
Batendo as asas e tomando uma certa distância dos antigos amigos, com voz de amargura:
- O que vocês estão fazendo aqui? Não chamei nenhum dos dois. Me deixem sozinha. Já sofri demais!
- Do que sofres? Perguntou Babi.
- Da sua traição. Você sabia que eu gostava dele. E mesmo sabendo dos meus sentimentos jogou suas asas para conquistá-lo. No dia em que parti, vi vocês dois juntos voando e se divertindo no roseiral junto às rosas vermelhas.
- Então foi isso! Babi voou vagarosamente até Julianita e pousou suas asas no rosto cansado da amiga. - Não fiz nada de errado Julianita. Eu não traí você! Naquela manhã, Nino foi até o roseiral procurar por você. Como você não estava, fomos até as rosas vermelhas, por que são as preferidas dele. Perdão, amiga, eu não fiz por mal!
As cores das asas de Babi já brilhavam fortes e coloridas como antigamente. Reencontrar a amiga querida lhe trouxe muita felicidade.
- Eu queria te contar mais sobre minhas aventuras! Disse Nino. - Como você não estava, resolvemos voar e esperar por você.
Julianita, ainda relutava em acreditar na sinceridade dos amigos, mas os amava e sentia falta deles. Olhou suas asas e viu que o vermelho que aparecera começava a desbotar. Percebeu que sua mágoa era a responsável por perder suas cores.
- Que boba eu fui Babi!
De ímpeto, voou para as asas da amiga e a abraçou bem apertado.
- Perdão! Minha raiva me cegou e me senti traída e magoada!
Toda a dor deu lugar à alegria do encontro. O passado já não mais importava. Julianita queria a alegria da companhia dos amigos de volta. O abraço sincero devolveu as cores das asas de Julianita, que brilhavam mais fortes.
Mesmo nuvens anunciando tempestade, Julianita achou que o dia estava lindo e as três borboletinhas voltaram felizes ao roseiral.
FIM
1 comentario
ibrenman
Profesor PlusHola Fernanda.
Gracias por compartir su historia con nosotros.
Ha elegido un tema universal con el que muchos se identificarán, su texto tiene hermosas descripciones y colores que rebotan en la página. Creo que el uso de mariposas para hablar de "traición" y "perdón" trae un desequilibrio en la narrativa, las "mariposas" tiran por algo más pueril, pueril, y esto porque confunde a quién va dirigido el texto. Tal vez convierta a las mariposas en niños preadolescentes. Los niños pequeños no hablan de "hacer trampa", pueden sentirlo, pero no lo deletrean de esa manera. Creo que si haces estos ajustes, el texto puede ganar más cuerpo.
Espero haber ayudado.
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